"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O mais sábio livro da vida!

As leis divinas são sábias e ninguém escapa as suas diretrizes. Podemos ludibriar as leis humanas, jamais a sabedoria de Deus, pois suas leis estão impressas na consciência do Homem.


O notável matemático e filósofo francês, Blaise Pascal, teve vida intensa, porém desencarnou ainda jovem, aos 39 anos de idade.
Autor da célebre frase: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, Pascal também deixou vastas colaborações nas mais diversas áreas do saber humano.
Alma sensível, conectada aos ideais superiores, certa vez disse:
“A consciência é o melhor livro de moral e aquele que menos se consulta”.
Pascal está coberto de razão. Poucos são aqueles que se arvoram a consultar a consciência. A Doutrina Espírita explica de forma irretocável que na consciência estão expostas as leis de Deus.
Natural que seja assim. Experimentemos fazer o mal a alguém e certamente a consciência cobrar-nos-á.
Todavia, não obstante as palavras do filósofo e as recomendações da espiritualidade, boa parcela da humanidade ainda caminha sem consultar esse maravilhoso livro.
Peço licença ao leitor para narrar experiência pessoal.
Dia desses perambulava pelas ruas do bairro onde moro um tanto acabrunhado. Era a consciência me cobrando o mal que fiz a uma família há alguns anos. Esse mal se revertia na forma de intranqüilidade e insegurança.
Um tanto decepcionado com minha postura anterior, confabulava com minha filha, convidando-a ao exercício do Bem para que a consciência não viesse posteriormente cobrar-lhe os malefícios feitos ao semelhante.
Ela, em sua ingenuidade infantil, apenas disse:
Pai, infelizmente ainda fazemos antes de pensar. Ideal será que pensemos antes de fazer.
Excelente frase para uma garota de apenas 11 anos. Sua infantil sabedoria me mostrava a importância de pensar antes de fazer, ou seja, consultar a consciência. Notável raciocínio!
Então, lembrei-me de Pascal e suas frases e mensagens adornadas de sabedoria.
No entanto, nunca é tarde para corrigir a rota existencial e iniciar a consulta a este livro sábio e valoroso: nossa consciência.
Tenhamos a certeza de que nos livraríamos de lamentáveis enganos, tais como o adultério, essa verdadeira chaga social, autêntico chamariz de crimes passionais que enredam criaturas de personalidade frágil num despenhadeiro de dor e lágrimas.
E, para contrariar Pascal em sua mais conhecida afirmação já citada acima e repetida: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, utilizamos o seu conselho referente ao mais poderoso livro da vida: consulta à consciência.
Ao consultá-lo, certamente o coração não será iludido pelas fantasias esdrúxulas e lamentáveis que brotam em mentes invigilantes. Portanto, poderemos afirmar vitoriosos que o coração tem as suas razões, mas razões ilusórias e que a lógica de um bom raciocínio repele.
Pensemos nisto.


(Texto de Wellington Balbo, Bauru/SP, recebido via e-mail).




Maravilhosa reflexão!

Dia de Finados











"O Dia da Morte"
(Pintura de William-Adolphe Bouguereau - 1825-1905).


No dia 02 de novembro é celebrado pela Igreja Católica o "Dia de Finados", também chamado de "Dia dos Mortos" ou "Dia dos Fiéis Defuntos".
Este é um dia dedicado ao respeito pelos mortos para que as famílias celebrem a vida eterna de seus entes falecidos, sendo comum neste dia, nas épocas atuais, a intensa visitação aos túmulos, em que as pessoas vão ao cemitério para levar flores e acender velas aos seus mortos, guardando-se em oração silenciosa aos pés do sepulcro, como gesto em sinal de respeito. É comum também que se celebrem missas ou cultos em memória de todos os mortos, geralmente realizados nos próprios cemitérios.
Desde o Século II, alguns cristãos já exerciam o hábito de rezar pelos seus mortos, visitando os túmulos dos mártires para se elevarem em prece pelos falecidos.
A partir do Século IV, as missas em memória dos mortos tiveram sua origem. No Século V, entretanto, a Igreja passou a consagrar um dia para essa celebração, de modo que dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém se lembrava.
Porém, foi no Século XI que os papas Silvestre II, João XVII e Leão IX passaram a exigir tal celebração, obrigando a comunidade a dedicar um dia aos mortos.
Finalmente, no Século XIII esse dia anual passou a ser comemorado no dia 02 de novembro, no dia seguinte à festa católica de "Todos os Santos" (dia em que se celebra os que morreram em estado de graça ("santos"), canonizados ou não).
A doutrina Católica, visto que o dia de finados é uma "festa" católica e, portanto, segue os princípios do catolicismo, para fundamentar sua posição (a respeito do assunto), evoca algumas passagens bíblicas, tais como Tobias 12:12, Jó 1:18-20, Mt 12:32 e II Macabeus 12:43-46, e se apóia em uma prática de quase dois mil anos.
Entretanto, os Protestantes e os Evangélicos afirmam que a doutrina da Igreja Católica que recomenda a oração pelos falecidos é desprovida de fundamento bíblico. Segundo eles, a única referência a este tipo de prática estaria em II Macabeus 12:43-46, Livro este não reconhecido como legítimo pelos Evangélicos e pelos  Protestantes, eis que referido Livro faz referência à ressurreição (razão pela qual o catolicismo entende ser necessário que se reze pelos mortos, visto que, não havendo ressurreição, não haveria também razão para rezar pelos falecidos), sendo que para os Evangélicos apenas Cristo é que poderia e pode ressucitar e, para a interpretação Protestante,  a Bíblia diz que a salvação de uma pessoa depende única e exclusivamente da sua fé na graça salvadora que há em Cristo Jesus e que esta fé seja declarada durante sua vida na terra (Hebreus 7:24-27; Atos 4:12; 1 João 1:7-10) e que, após sua morte, a pessoa passa diretamente pelo juízo (Hebreus 9:27) e que vivos e mortos não podem comunicar-se de maneira alguma (Lucas 16:10-31).
Os Protestantes, no entanto, observam o dia de Finados para lembrar das coisas boas que os antepassados deixaram, como o legado de um caráter idôneo, por exemplo. Mas entendem que as pessoas precisam ser cuidadas enquanto estão vivas. Para eles, após a morte, nada mais resta senão o juízo.
Mas, o que o Espiritismo tem a nos esclarecer sobre o assunto?
Interrogados sobre se o dia da comemoração dos mortos tem alguma coisa de mais solene para os espíritos e se eles se preparam para vir (na Terra) visitar os que irão orar sobre seus despojos (ou seja, sobre suas sepulturas), os Espíritos respondem, na pergunta de número 321, de O Livro dos Espíritos de Kardec, que que estes (os espíritos) atendem tão somente ao apelo do pensamento de seus entes e asseveram que isso ocorre não só nesse dia (dia de finados) como também nos outros dias. Ou seja, os espíritos vêm "ao nosso encontro" não pelo fato de ser o dia dos mortos, mas tão somente porque pensamos neles e é pura e simplesmente através do nosso pensamento que nos ligamos a eles, onde quer que estejamos (e eles também).
Em O Livro dos Espíritos Comentado pelo Espírito Miramez, comentando a questão acima, Miramez observa que "os pensamentos dos familiares e amigos cortam o espaço em busca dos seus queridos, e eles os atendem. As ondas mentais são como que chamados, são buscas da forma, conforme se encontra registrado no próprio Evangelho de Jesus: Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á".
Ainda na questão 321 (321-A), de O Livro dos Espíritos, questionados sobre se o dia dos mortos é para os espíritos um dia de encontro junto às suas sepulturas, os Espíritos respondem que eles (os espíritos) apenas estão nos cemitérios em maior número, neste dia, em especial, pelo fato de existirem mais pessoas "que os chamam" (pensam neles, fazem preces com o pensamento neles, visitam os túmulos com o pensamento fixado neles) junto aos sepulcros e que cada um (espírito) vem por causa dos seus e não pela multidão presente em intenção ao dia dos mortos.
Miramez, também em comentário à questão, esclarece que "os espíritos elevados não rendem culto aos restos mortais; quando os deixam, agradecem a natureza e partem para outras etapas da vida, onde podem ser mais úteis às belezas imortais da própria existência. Somente os inferiores permanecem junto aos familiares, semi-inconscientes, às vezes prejudicando seus ex-companheiros".
Por fim, questionados se o fato de visitarmos o túmulo provoca maior satisfação ao espírito do que uma prece feita em sua intenção (longe da sua sepultura), os Espíritos respondem, na pergunto de número 323 de O Livro dos Espíritos, que a visita ao túmulo é um modo (humano) de manifestar que se pensa no desencarnado, que se lembra dele, mas que, porém, é a prece que santifica o ato de lembrar, pouco importando o lugar, desde que ditada pelo coração.
Miramez assevera que "para orar pelos que partiram, para executar esse gesto de amor, podemos estar onde quer que seja, pois os fios dos pensamentos viajam sem impedimento pelo espaço, indo em busca daqueles que merecem o seu amor. A súplica não deve ser feita somente no Dia de Finados; façamo-la todos os dias, que a prece com o coração em Jesus é alimento para todas as almas, tanto aquela que ora, quanto a que recebe essas bênçãos de luz".
Portanto, certamente que no dia de finados estarão os "nossos mortos" reunidos em maior número nos cemitérios, visto que há maior número de encarnados buscando-os pelos pensamentos, visitando tais lugares com os pensamentos fixos naqueles que "partiram".
Aqueles que partiram do Orbe para a Pátria Espiritual sempre estarão confortados com nossas preces e pensamentos elevados e sempre refrescar-se-ão por meio de nossas interceções junto ao Criador. Não só os Espíritos, mas nós encarnados com toda certeza nos sentiremos melhores por meio da prece. Assim, nossa aliança com o plano invisível tem o condão de tornar-se harmônica e feliz, sem o peso das angústias do ser e dos sofrimentos da alma que tanto nos castigam e nos ligam a laços e convivências tão pesarosas com nossos irmãos.

"Hospital Batuira" pede ajuda. Goiânia/GO

Saudações, muita paz, luz e saúde!


Peço novamente a sua ajuda para divulgar a nota abaixo. Tem ajudado muito a sua solidariedade e várias pessoas tem contribuído.
Antecipo agradecimentos.
Fraternal abraço,


Sérgio Luís Haas
Presidente Voluntário, 9948-4870


*-*-*-*-*


SOS Batuíra: toalhas de banho


O Instituto Espírita Batuíra de Saúde Mental está solicitando a sua colaboração, de entidades e de empresários para receber doações de escova dental e frutas para os mais de 60 pacientes em tratamento.
Qualquer quantidade é muito bem vinda. As doações podem ser entregues diretamente no Batuíra: Avenida Eurico Viana, Quadra 44 - Setor Jardim Goiás - Goiânia - GO
Fundado em 1949, o Batuíra é um hospital 100% SUS e atende gratuitamente mais de 60 pacientes entre homens e mulheres que sofrem de transtorno mental e alcoolismo. Em 2009 estamos comemorando 60 anos de fundação.


Informações: fone (62) 3281 0655 ou pelo site: www.batuira.org.br


(Informação recebida por e-mail).

Vamos ajudar, pessoal!!!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Que é Deus?

Os Espíritos nos dizem, na pergunta de número 1, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas" .
Ao serem indagados, na pergunta de número 4, do mesmo Livro, sobre a prova da existência de Deus, ou seja, de onde podemos encontrá-la, os Espíritos acrescentam que, segundo axioma aplicado à nossa própria ciência de que "não há efeito sem causa", basta que procuremos a causa de tudo o que não é obra  do homem que a nossa própria razão nos responderá onde encontraremos a prova da existência de Deus.
Kardec, ao comentar a questão, ressalta que "para crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe; ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e adiantar que o nada pôde fazer alguma coisa."
Por fim, na pergunta de número 10, também de O Livro dos Espíritos, ao serem interrogados se o homem pode compreender a natureza íntima de Deus, os Espíritos respondem que "não; este é um sentido que lhe (ao homem) falta".
Diante das esclarecedoras considerações, acreditamos que se Deus pudesse se materializar na Terra, caso Ele pudesse mostrar seu "rosto" e se apresentar a nós, humanos, certamente o Criador se nos mostraria assim:



Pensemos nisso!

Abraço fraterno.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Para refletirmos...





ESPÍRITA EXEMPLO


O GRANDE DIVULGADOR CAIBAR SCHUTEL, FUNDADOR DE "O CLARIM", NÃO ESCOLHIA LUGAR PARA DIVULGAR A DOUTRINA ESPÍRITA. AQUI AO LADO DE COLABORADORES ELE DISTRIBUI MENSAGENS E JORNAIS DENTRO DO CEMITÉRIO DE MATÃO NO “DIA DE FINADOS” DO ANO DE 1913. FOTO “O CLARIM”.

 
A origem, o meio e a meta
 
Há alguns bilhões de anos, sob a coordenação de Jesus, engenheiros siderais deram início à construção do planeta Terra, com a finalidade de ser mais uma morada na Casa do Pai, o universo infinito.
Minerais, vegetais e animais tiveram, e continuam tendo, seu processo de desenvolvimento evolutivo aqui:
Os minerais, suas propriedades químio-eletro-magnéticas;
Os vegetais, sua sensibilidade;
Os animais, sua motricidade, seus instintos, seus rudimentos de inteligência.
Tudo isso para que a mônada celeste se desenvolva, o princípio inteligente progrida e o Espírito possa evoluir continuamente.
Alcançada, na Terra, a fase de habitação por seres humanos, aos poucos, um novo aspecto foi se desenhando: o moral.
Se no início da fase humana havia somente o instindo, herdado da animalidade; se na sequência veio a sensação, fruto do desenvolvimento mas também da corrupção; mais adiante começou a surgir o sentimento, resultado da instrução e da depuração paulatina.
O sentimento, ao lado da inteligência e do livre-arbítrio, precisava, como continua precisando, de orientação para atingir bons resultados.
Jesus, mestre de nossas almas, foi nos passando o roteiro a seguir, através de seus emissários e na medida dos nossos entendimentos.
A evolução da humanidade foi acontecendo do oriente para o ocidente: na China e na Índia, na Pérsia e na Palestina, no Egito e na Grécia, mensageiros foram passando ensinamentos de fundo moral e espiritual, para servirem de bússola ao comportamento humano.
Na Palestina, em particular, o investimento, nesse sentido, foi acentuado.
Depois do sofrimento do povo hebreu no Egito, como escravo, surgiu Moisés para libertá-lo e servir de instrumento para a vinda da primeira grande revelação, consistente nos dez mandamentos.
Depois dos profetas maiores e dos profetas menores, veio o próprio Jesus trazer a segunda revelação, ampliando os ensinamentos espirituais e morais, reduzindo os mandamentos a dois – amar a Deus e ao próximo –, enfatizando o lado espiritual da vida, a ponto de materializar-se, depois, para confirmá-la; ressaltar que Deus é amor, bondade e misericórdia para conosco, e prometer a vinda do Consolador que haveria de lembrar suas palavras e ensinar ainda mais.
A Terra, planeta-escola e mundo-hospital, servindo de meio para Espíritos se esclarecerem e depurarem, prossegue sua trajetória e vê a árvore do Evangelho, plantada por Jesus na Palestina, ser transferida para a França de Kardec.
Após intensa preparação, de Joana D’Arc aos iluministas e enciclopedistas, bem como do surgimento de inúmeras ciências, chega a hora do cumprimento da promessa de Jesus referente à vinda do Consolador: a França seria o palco da terceira revelação.
No dia 3 de outubro de 1804 nasce, na cidade de Lyon, Hippolyte Léon Denizard Rivail, cujos estudos, iniciados nessa cidade, irão se completar em Yverdom, Suíça, como aluno e discípulo de Pestalozzi.
Com sólida instrução e robusta inteligência, além da língua pátria conhecia alemão, inglês, italiano, espanhol e holandês.
Mestre-escola, publicou vários e importantes trabalhos pedagógicos.
Bacharelou-se em ciências e letras. Conhecia o magnetismo, usado para curar enfermos, caritativamente.
No passado tinha sido sacerdote druida, e foi João Huss, um dos precursores da Reforma.
Sua programação reencarnatória teve por escopo principal sistematizar os ensinamentos dos Espíritos, codificando a Doutrina Espírita contida em “O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e “O Céu e Inferno”.
O Brasil, para onde foi transplantada a árvore do Evangelho de Jesus, busca estudar e divulgar para o mundo a obra de Kardec, que revive o Cristianismo na sua pureza, meta moral a ser alcançada por todos.


(EDITORIAL DA REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO, OUTUBRO 2009. "O CLARIM", MATÃO/SP).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Corpo sem alma (espírito)?

Grande discussão surgiu em nosso grupo de estudos quando nos deparamos com a pergunta de número 356 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

A questão era: Pode haver um corpo sem alma (ou espírito)?

Vamos aqui abrir parênteses para as seguintes considerações, que entendemos sejam revelantes no momento: Alma é o Espírito encarnado e que, sem tal revestimento (o corpo físico), torna a ser o que é em seu estado natural, ou seja, Espírito. Portanto, Alma e Espírito querem designar a mesma coisa (perg. 134, L.E.: "Alma é um espírito encarnado. Mas, que era a alma antes de se unir ao corpo? Um Espírito.").

Voltando à questão, para parte dos integrantes do grupo, os Espíritos haviam sido claros ao responderem que sim, que é possível que um corpo tenha se formado sem que a ele estivesse se ligado um espírito. Para a outra parte, no entanto, era inconcebível a ideia de que poderia existir um corpo sem que a ele estivesse ligado um espírito ou, sem que para ele (o corpo) tivesse sido designado um espírito para reencarnar. Para alguns, entretanto, aceitar essa ideia (de corpo sem espírito/alma) seria contradizer tudo aquilo que haviam estudado até então, após anos de estudo dedicado da doutrina, inclusive das obras básicas de Kardec, além da leitura atenta de tantas outras obras, respeitáveis, da doutrina espírita.

Mas, verdade é que lá, no livro compilado e ordenado por Kardec (O Livro dos Espíritos), o mesmo Kardec que escreveu que a reencarnação depende de planejamento prévio e que o espírito é designado para reencarnar antes do instante em que deve se unir ao corpo (perg. 338, L.E.), de modo que o espírio se une ao corpo no momento da concepção cuja união se completa no momento do nascimento (perg. 344, L.E.), está escrito que um corpo físico pode existir sem a alma ou, como preferirmos, sem o espírito (perg. 356, e também 136-A).

Reportemo-nos, então, à pergunta de número 356, de O Livro dos Espirítos:

"356 - Existem natimortos que não foram destinados à encarnação de um Espírito?
- Sim, há os que jamais tiveram um Espírito designado para os seus corpos: nada deviam realizar por eles. É, então, somente pelos pais que essa criança veio.


- Um ser dessa natureza pode chegar a termo?
- Sim, algumas vezes, mas não vive.


- Toda criança que sobrevive ao nascimento, necessariamente tem um Espírito nela encarnado?
-Que seria sem ele? Não seria um ser humano."

Voltemos ainda à pergunta de número 136, também de O Livro dos Espíritos:

"136 - A alma é independente do princípio vital?
- O corpo não é senão um envoltório, repetimo-lo sem cessar.


- O corpo pode existir sem a alma?
- Sim; todavia, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, não há ainda união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que depois que essa união está estabelecida, a morte do corpo rompe os laços que o unem à alma, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.


- Que seria o nosso corpo se não tivesse alma?
- Massa de carne sem inteligência, tudo o que desejardes, menos um homem."

Assim, diante das transcrições acima, para nós, segundo o nosso modesto entendimento, a questão se nos apresenta sem maiores embaraços, com todo respeito ao entendimento e à opinião dos nossos irmãos e companheiros de grupo.


Entendemos que os Espíritos, ao afirmarem, na pergunta de número 356, que "sim, há os (natimortos) que jamais tiveram um Espírito designado para os seus corpos", bem como ao responderem à pergunta de número 136-A ("O corpo pode existir sem a alma? Sim;..."), outra coisa não quiseram nos dizer que não seja que o corpo físico pode existir sem alma.


Concluimos, então, que é possível a cocepção de um corpo sem um espírito ligado a ele e que, nesses casos, logicamente, quando do nascimento (uma vez que pode chegar a termo), o corpo não sobrevive; uma vez que não há uma alma a animá-lo, ter-se-á um natimorto. Isso para nós, porém, não significa que todos os natimortos foram gerados sem que tivessem ligado a si um espírito.


Importante buscarmos aqui, para melhor compreensão do assunto, os conceitos de "princípio vital" e "princípio espiritual". "Princípio vital" exprime a ideia de "vida", ou seja, aquilo que vitaliza a matéria. Porém, o princípio vital tem apenas o efeito de fazer movimentar molecurlamente a matéria. Já o "princípio espiritual" consiste na "razão", ou seja, proporciona o raciocínio; faz agir com inteligência o que antes era um agregado de carne, isto é, o corpo físico. Em suma, o "princípio espiritual" proporciona, por ação do Espírito, a vida de relação.


Os Espíritos nos deixam claro esse entendimento ao afirmarem na parte final da pergunta 136-A, que "a vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica".


Mas, qual a razão disso (ou seja, da existência de um corpo sem utilidade para reencarnação de um espírito)? Os Espíritos respondem que os natimortos nessa condição vieram pelos pais, somente. Ou seja, vieram em razão da necessidade somente dos pais.


A este respeito, André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, no Capítulo 33, p. 107, descreve com propriedade o "fenômeno": "— Como compreenderemos os casos de gestação frustrada quando não há Espírito reencarnante para arquitetar as formas do feto? — Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos. Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impregnando as células reprodutivas com elevada percentagem de atração magnética, pela qual consegue formar com o auxílio da célula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na medida de intensidade do pensamento maternal, que opera, através de impactos sucessivos, condicionando as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recusa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, desarticulando os processos celulares da constituição fetal e adquirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o Destino."


Cabe, então perguntar, sob o ponto de vista prático, como saber se ao corpo está ou não ligado um espírito? Os Espíritos nos esclarecem que nem tudo nos é permitido conhecer. Assim, entendemos que a Sabedoria Divina (a qual tem seus propósitos que muitas vezes, na maioria delas, desconhecemos) limitou-se a permitir-nos pura e simplesmente saber que existe a possibilidade de um corpo ser gerado sem que a ele esteja ligado um espírito ou sem que para ele tenha sido designado um espírito para reencarnar. No entanto, não nos deixou uma "receita" ou uma prescrição de como saber se tal ou qual feto está destinado à reencarnação de um espírito. Cremos que, se o Criador assim o quisesse, se julgasse-nos capazes de compreender tal informação, se reconhecesse que não incidiríamos em excessos ou novos erros de posse de tal informação e se, por fim, não estivéssemos em estágios probatórios complexos, onde somos "medidos" e "testados" sob todos os ângulos do nosso caráter moral, teria o Criador permitido a divulgação dessa informação por meio dos Espíritos, assim como o fez em relação às demais.


Muito interessante e importante, neste aspecto, o esclarecimento e o alerta da respeitável Dra. Marlene Nobre ao discorrer sobre a questão do anencéfalo no endereço eletrônico da Associação Médico-Espírita do Brasil, o qual pedimos venia para transcrevermos: "Os confrades favoráveis ao aborto do anencéfalo alegam que nele não há Espírito destinado à reencarnação conforme explica O Livro dos Espíritos. Aqui, detectamos um erro clássico: não se pode basear unicamente em uma resposta dos Instrutores Espirituais. Levantemos todas as respostas que eles nos dão acerca da formação dos seres humanos e destaquemos as mais importantes para a elucidação deste assunto. Dizer que há corpo sem espírito, não significa dizer que determinado “tipo” ou grupo de corpos (ou embriões, no caso os embriões originados da fecundaçao ‘in vitro’) não possui espírito, mas sim que pode haver a possibilidade de se gerar um corpo sem espírito". E acrescenta: "Na questão 344, eles afirmam que a união da alma com o corpo dá-se no momento da concepção; um pouco mais adiante, na de nº 356, advertem que há corpos para os quais nenhum Espírito está destinado, explicando que isto acontece como prova para os pais. E ainda no desdobramento desta questão enfatizam que a criança somente será um ser humano se tiver um espírito encarnado. Se juntarmos todas estas respostas, concluiremos que os corpos para os quais poderíamos afirmar que nenhum espírito estaria destinado seriam os dos fetos teratológicos, monstruosos, que não têm nenhuma aparência humana, nem órgãos em funcionamento. Como vimos, nada disto se aplica ao anencéfalo, porque o espírito comanda, ainda que precariamente, um organismo vivo (um corpo pode ter vida orgânica- onde tudo funciona direitinho – sem, entretanto, possuir um espírito. Porém, um corpo jamais poderá ter um espírito se desprovido da vida orgânica)".


Para finlizarmos, apenas uma ressalva nos apresenta relevante: vale destacar que os Espíritos nos adverte, tanto na pergunta de número 356, quanto na de número 136, que, embora seja possível a existência de um corpo sem alma/espírito, tal não pode ser considerado um humano. Com efeito, ser humano é um corpo material, animado por um princípio orgânico (princípio vital), somado a um princípio inteligente (princípio espiritual). Sem um dos dois requisitos, não podemos dizer que é um ser humano ("Não seria um ser humano" - pergunta 356-B; "Massa de carne sem inteligência, tudo o que desejardes, menos um homem" - pergunta 136-B). No trecho transcrito acima, a Dra. Marlene Nobre acrescenta que seriam os fetos teratológicos, mosntruosos, que não têm nenhuma aparência humana, nem órgãos em funcionamento. Entendemos, porém, que quando os Espíritos se referem a "corpo de carne", ägregado de carne", "massa de carne", não querem se referir à forma do corpo propriamente dita, nestes casos, ou seja, de corpos sem alma/espírito, mas pura e simplesmente à constituição material desses fetos, pois, sem dúvida, um corpo sem alma não passa de uma massa de carne onde a inteligência nunca irá habitar. Em suma, no dizer dos Espíritos, "seria tudo, menos um ser humano".


Enfim, a partir do tema aqui abordado, sugerimos, sem qualquer pretensão, que os queridos leitores possam refletir sobre questões tais como aborto, aborto de anencéfalo, métodos contraceptivos, embriões congelados, células tronco, temas estes intimamente ligados com o assunto aqui modestamente exposto e, assim, incitamos os caros irmãos à leitura salutar e à busca do conhecimento.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mensagem de Bezerra de Menezes - Nos momentos de transição


"Graças à chegada do Consolador na Terra que veio restabelecer a proposta de Jesus nos corações das criaturas humanas, é possível acreditar que logo mais o Planeta de provas e de expiações cederá lugar a mundo de regeneração.

Não nos deixemos fixar nas trevas densas deste momento que tomou conta do Planeta. Acendamos a luz do amor e ela se transformará em uma estrela de primeira grandeza em torno da qual girarão os sentimentos de todas as criaturas.

Olvidemos, no momento, os desafios que nos agridem, as dificuldades que nos entorpecem, as angústias que nos empurram para o abismo da depressão e abramos as comportas da irrestrita confiança em Deus. A barca terrestre não se encontra à matroca. Jesus, o Nauta Divino, condu-la com segurança na direção do porto da paz.

Irmãos e filhos da alma, contribuí com a mínima cota que seja para que mais rapidamente se instale esse dia de luz pelo qual todos anelamos. Esqueçamos queixas e recriminações, animosidades e suspeitas, e pensemos em sintonia com o Mestre incomparável, porque somente o amor permanece quando tudo deperece. Em vossas mãos, em vossa fé raciocinada, em vossa conduta estão as diretrizes seguras do mundo melhor que deve ser instalado nas fronteiras do lar. Vossos guias espirituais, os Espíritos Nobres, reencarnando-se em massa neste momento de alta significação para a construção da era nova, pedem-vos paz, iluminação, fraternidade e amor.

Demo-nos as mãos e cantemos o hino de júbilo pela honra da fé que domina as nossas vidas e nos conduz a Jesus.

Muita paz, meus filhos, que o Senhor de Bênçãos vos abençoe e que as lições fecundas desta Semana fiquem profundamente marcadas em vossa mente e em vosso coração.

Muita paz!

O servidor humílimo e paternal de sempre,

Bezerra."

(Mensagem recebida psicofonicamente pelo médium Divaldo Pereira Franco, na 56 Semana Espírita de Vitória da Conquista/BA, em 13/09/09).

domingo, 11 de outubro de 2009

Outras faces da violência

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."
(João 8:32)


Segundo os ensinamentos doutrinários (da doutrina espírita), o planeta Terra encontra-se na faixa dos mundos de prova e expiações, em razão da "tipologia" de espíritos nela reencarnados.

E, se reflexionarmos de forma madura sobre o assunto, compreenderemos que essa situação irá perdurar ainda por mais um tempo considerável, ou seja, a Terra será ainda, por um razoável lapso de tempo, um lugar de dores e aflições, de prova e expiações, ainda que tenhamos a confortável e segura informação de que o planeta esteja passando, e realmente está, por um período de transição.

Obviamente isso ocorre, como já sabemos, porque tudo aqui, como no Universo, encontra-se em constante transformação, rumo à evolução, e toda transformação, bem como toda evolução, porém, leva tempo. A natureza não dá saltos. E tudo isso implica anos, ou milhares de anos.

Dessa forma, sendo a Terra um mundo de prova e expiações, o que implica dores e aflições, fica fácil compreendermos que nosso planeta não comporta, e nem pode comportar, felicidade plena e completa para nós, seus habitantes.
Jesus há dois mil anos nos advertia: "Meu Reino não é deste mundo".

E, por toda parte, no seio de todos os povos que habitam o planeta Terra, nos deparamos com a presença de conflitos, da fome, da guerra, do desemprego, das injustiças sociais, despertando no coração da alma coletiva, em várias ocasiões, o sentimento de abandono, de que Deus nos deixou abandonados a mercê das ondas de azar, longe de suas Providências Celestiais, como se o Criador tivesse nos esquecido e nos relegado aos ventos do acaso.

Entretanto, dentre os "temas" que mais têm atormentado a consciência coletiva, o da violência tem tido maior destaque.

Não tão somente circunscrita pelo medo e não se limitando, ainda, a estampar os noticiários que, aliás, todos os dias se apresentam recheados de páginas sangrentas e dolorosas, a questão da violência vem se fazendo mais e mais aterradora.

Tais situações se apresentam como resultado dos tempos de frieza e insensibilidade em que vivemos, mas que, da mesma forma, penetra o nosso cotidiano como um pão amargo que todos nós devêssemos digerir todos os dias como se fosse um dos pratos principais de nossas refeições diárias de desgostos.

E, o que é pior, tudo isso vem acontecendo como se agíssemos sob efeitos narcóticos, alucinados, dopados, sem sabermos definir nossos próprios rumos, como se todas essas "cenas cotidianas", cenas da novela da vida real, por sinal, tivessem se incorporado ao nosso "modus vivendi" como algo absolutamente natural.

Princípios e valores morais, então, são como se não existissem.

Ou, por outro lado, agimos ainda como se estivéssemos vivendo às pressas, motivados pela ânsia do "querer" e do "consumir" e do "amealhar mais". Do "ter" e não do "ser". Amealhar tudo aquilo que nenhuma valia tem para o espírito.

Mais uma vez, valores e princípios morais e cristãos ficaram esquecidos.

Mas, ao mesmo tempo em que a "propaganda" da violência alimenta e instiga os pensamentos das almas enfermas e inseguras a perpetrá-la, as ações dessas almas violentas alimentam jornais e noticiários como uma cadeia de misérias de todos os níveis que acabam por afligir, chocar e entristecer o coração e os sentimentos de tantas outras almas que se compadecem daqueles que sofrem.

No entanto, a violência possui outras faces além da guerra, onde se matam aos mil de uma só vez para defender interesses de minorias que não chegam a dezenas, além, ainda, dos tiroteios nas favelas do Rio de Janeiro e São Paulo à lei do "olho por olho dente por dente" dos Sertões Nordestinos e dos campos selvagens do Norte do país, que levam à morte centenas de inocentes todos os dias, bem como das perseguições e atentados religiosos ou políticos em que se secrificam almas "em nome (da ignorância) de Deus" ou em favor do poder de mando e do abuso do poder econômico.

Apresentam-se essas outras faces da violência como DESEMPREGO, FOME, FALTA DE MORADIA, FALTA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE, ANALFABETISMO, dentre tantas outras a ferirem a dignidade humana.

Mas, infelizmente, essas outras faces da violência, que embora já tenham passado, também, a fazer parte do nosso cotidiano amargo de aflições, ainda são vistas por nós como problemas meramente sociais, de responsabilidade exclusiva dos Governos, mas que, não olvidemos, são caminho rumo a todas as demais forma de materialização da violência propriamente dita, a qual, não há dúvida, é de nossa inteira responsabilidade, principalmente quando partimos do pressuposto de que o Estado somos todos nós.

Como violências "ocultas", que da mesma forma recheiam os noticiários todos os dias, não nos chocam com a mesma frequência e proporção com que nos chocam as páginas sangrentas dos jornais, fato este que encontra explicação óbvia pelo fato de que ainda nos deixamos levar - sendo-nos mais apetitoso - pelo maravilhoso, pelo sensacional, pelo drástico, pelas ilusões, conservando, assim, no íntimo do nosso ser, as nossas origens bárbaras, das quais ainda não nos despojamos por completo e ainda levaremos um tempo para nos livrarmos.

Mas, podemos considerar ainda que, das celas mais terríveis que aprisionam o ser humano, a ignorância é a pior.
Ignorar é não conhecer. E, não conhecer é a violência mais cruel que o homem pratica contra si mesmo. O fato de desconhecer induz a pessoa aos labirintos escuros das torpezas.

Isso ocorre exatamento porque aqueles que não possuem conhecimento não podem dispor das possibilidades de escolha, de opinião, de orientar-se a si próprios e, principalmente, de agir conforme seu livre-arbítrio, simplesmente porque não sabem.

Nesse campo, a sordidez e a criminalidade ganham tempero especial quando se deparam com a ignorância.

Com toda segurança, a melhor forma de se promover a liberdade de um povo é através da lucide e do conhecimento.

Assim, sempre será um ato de amor, um gesto de caridade e solidariedade ao próximo, a troca ou a exteriorização de informações de que dispomos ou conhecemos, no intuito de abrirmos a mente e destravarmos as capacidades intelectuais do outro, carente de conhecimentos.

Estaremos não só dando-lhe a oportunidade de aprender para que possa exercer sua liberdade, mas, principalmente, estaremos evitando-lhe o desgosto da pior das violências, ou seja, a do analfabetismo, materializado em ignorância, nas mais diversas formas.

Analfabeto, no sentido mais amplo que aqui pretendemos empregar, não é, portanto, somente aquele que não sabe ler e escrever. É, principalmente, aquele que não sabe se direcionar conforme seus anseios, pensamentos e necessidades, incluindo-se aí, também, aqueles que não sabem trilhar sua existência, suas experiências e suas vivências conforme os princípios éticos, morais e cristãos.

É, pois, no analfabetismo, na ignorância, no desconhecer, que encontramos a irrefletida incredulidade, a aceitação ridiculamente sentimental que ignora e despreza a razão e, por fim, a acomodação ingênua que nos priva da busca pelo melhor.

Ainda na ignorância se apóiam o imediatismo e, por conseguinte, o desespero mediante as dificuldades cotidianas, inerentes à vida, como decorrência lógica da Lei Universal, de causa e efeito, ação e reação, bem como a mentira dourada ou a ilusão de um mundo idealizado dentro dos padrões da falsa felicidade, o qual não vamos encontrar jamais, além da extorsão passivamente aceita, enfim, o empobrecimento intelectual da criatura que, certamente, se contrapõe ao seu progresso material, moral e, acima de tudo, espiritual.

Sobre o tema, referindo-se ao mais civilizado dentre os povos, em O Livro dos Espíritos, em nota à pergunta 793, Kardec pondera que "o mundo mais civilizado dentre os povos é aquele em que se encontre menos egoísmo, menos cupidez e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais do que materiais; onde a inteligência possa se desenvolver com mais liberdade..." (grifamos).

Assim, concluímos, sem embargo, que o analfabetismo, incluindo-se aí todos os tipos de ignorância, configura-se em verdadeira violência e, diríamos, talvez, a pior delas, por conduzir o homem à todas as demais, eis que fosse o homem conhecedor (da Verdade), ainda que faltasse o trabalho para lhe garantir o pão de cada dia, ainda que não tivesse o pão para lhe saciar a fome, o sapato para lhe calçar os pés descalços, a roupa para lhe aquecer o frio, o teto para lhe servir de abrigo, o remédio para lhe amenizar as dores do corpo, a compreensão dos seus para lhe dar a segurança e o amor de quem espera para lhe envolver o coração, não haveria na face da Terra um só resquício de violância, de luta, de resistência, uma gota de sangue sequer.

Fica-nos evidente que toda a violência que assola o Planeta, inclusive a da ignorância, não constitui problema meramente social de responsabilidade dos Governos. Mas, as mais diversas faces da violência são, é verdade, situações que afligem, dilaceram e apunhalam a alma coletiva e que cabem somente ao homem, cada um em sua individualidade e no seu particular, fazer, cada qual, a sua parte para que esse quadro lamentável em que a Terra se encontra possa mudar (e mudar para melhor), para, depois, cada um, individualmente solidificado pela consciência do progresso, da moral, do espírito e da verdade possa, então, unir-se uns aos outros, formando uma coletividade a ajudar-se mutuamente.

Vale lembrarmos que não há como pensar em ajudar enquanto precisamos de ajuda, enquanto se faz necessário sermos ajudados. Por isso, imprescindível, primeiramente, o crescimento individual, a educação individual, o progresso individual e a conscientização individual.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Oração do Amor

Senhor,
Ilumina meus olhos
Para que eu veja os defeitos da minha alma
E, vendo-os, para que eu não comente os defeitos alheios.

Senhor,
Leva de mim a tristeza
E não a entregueis a mais ninguém...
Encha meu coração com a divina Fé,
Para sempre louvar o Vosso Nome
E arranca de mim o orgulho e a presunção.

Senhor,
Faze de mim um ser humano realmente justo...
Dá-me a esperança de vencer minhas ilusões todas.
Planta em meu coração a sementeira do amor
E ajuda-me a fazer feliz o maior número de pessoas possível,
Para o fim de ampliar seus dias risonhos
E resumir suas noites tristonhas...
Transforma meus rivais em companheiros,
Meus companheiros em amigos,
Meus amigos em entes queridos...
Não permita que eu seja um cordeiro perante os fortes
E nem um leão perante os fracos...

Dá-me, Senhor,
O sabor de perdoar
E afasta de mim o desejo de vingança,
Mantendo sempre em meu coração
Somente o amor!
(Autor desconhecido)