Mateus,
12:43-45
Lucas,
11:24-26
Desde os
tempos mais remotos, encontramos referências à influência exercida pelos
Espíritos sobre os homens.
Na
antiga Grécia, situavam-se como deuses que interferiam no destino humano , de
conformidade com seus humores.
Na Idade
Média, consagrou-se a idéia do demônio, filho rebelde de Deus, especializado em
induzir suas vítimas à perdição.
A
Doutrina Espírita , descerrando a cortina que separa a Terra do Além, demonstra
que são simplesmente as almas dos mortos , ou homens desencarnados, agindo de
conformidade com suas tendências e desejos.
Como o
Plano Espiritual é apenas uma projeção do plano físico , muitos deles permanecem
junto a nós, envolvendo-nos com seus pensamentos, idéias e
sensações.
Na
questão 459, de O Livro dos
Espíritos, o mentor espiritual informa que essa influência é tão
acentuada que, não raro, eles nos dirigem.
***
Muitos
procuram os Centros Espíritas , informados de que seus males físicos ou
psíquicos, que resistem a tratamento médico, podem guardar relação com esse
assédio.
Está
certo, mas há um detalhe:
Os casos
mais graves , em que temos a presença de Espíritos rebeldes e agressivos que
intentam vingar-se de passadas ofensas , desta ou de outras vidas, não são os
mais freqüentes.
Em sua
maioria, sofrem a pressão de Espíritos presos ao imediatismo terrestre.
Experimentam o que chamaríamos adensamento
do corpo espiritual , o perispírito, que os leva a viver como se
fossem seres humanos, experimentando as mesmas necessidades , relacionadas com
alimentação , abrigo, sexo , vícios ...
Seu
contato conosco lembra a simbiose que se estabelece quando determinada planta
entranha-se numa árvore , valendo-se de seus elementos
nutritivos.
Raras
pessoas escapam a essa ligação, que obedece às tendências de cada um ,
estabelecendo sintonia.
Geralmente, não querem nos prejudicar.
A
expressão mais correta seria explorar.
Exploram
nosso psiquismo , servem-se dos fluidos densos que lhes possamos oferecer.
Essa
pressão nos perturba, porquanto colhemos seus pensamentos desajustados, suas
ansiedades e inquietações. E nos exaure psiquicamente, já que agem como
autênticas sanguessugas espirituais.
A partir
daí, sentimo-nos enfraquecidos, com males renitentes que resistem a todos os
tratamentos.
Há,
ainda, o grave problema dos viciados do Além. Estes nos induzem ao fumo, ao
álcool, às drogas, a fim de que, em associação psíquica, experimentem a
satisfação desejada.
É como
um transe mediúnico às avessas. Ao invés do médium captar suas impressões, eles
captam as sensações do “médium”.
***
Jesus
teve freqüentes contatos com esses Espíritos , chamados, por seus contemporâneos
, imundos , impuros , maus, demoníacos…
Sempre
os afastava. E antecipava o conhecimento espírita a respeito do assunto ,
dizendo, textualmente:
Quando o Espírito
impuro tem saído dum homem , anda por lugares áridos , procurando repouso ; não
o encontrando, diz: “Voltarei para minha casa , donde
saí.”
E, ao chegar , acha-a
desocupada , varrida e adornada.
Então, ele vai e leva
consigo mais sete Espíritos piores do que ele , e ali entram e
habitam.
O último estado daquele
homem fica sendo pior que o primeiro.
Jesus
situa a mente humana como uma residência, habitada pelos pensamentos.
Sua
organização e disposição interna dependem do proprietário – a
vontade.
Idéias
negativas:
–
Ninguém me ama!
– Nada
dá certo em minha vida!
– Quero
morrer!
Indisposição para concentrar-se:
– Não
estou entendendo nada…
– Odeio
ler!
– A
palestra dá-me sono.
Ausência
de ideais:
– Tenho
alergia pela palavra ajudar!
– Cada
um por si e Deus por todos!
– Quero
mais é gozar a vida!
Exercício de compreensão:
– Não há
o que perdoar.
– Conte
comigo!
– Tudo
bem! Conversando a gente se entende.
Pensamentos positivos:
–
Tristeza não paga dívida!
– No fim
sempre dá certo!
– Estou
feliz com seu sucesso!
Presença
da oração:
–
Senhor, seja feita a Tua vontade…
– Não me
deixes cair em tentação…
–
Livra-me do mal…
Poderíamos efetuar várias outras comparações, situando uma casa mental bonita ou
feia , grande ou pequena , luminosa ou trevosa, fechada ou aberta , de
conformidade com nossos pensamentos e as tendências que
cultivamos.
***
Por que
os Espíritos entram em nossa casa mental e ali se aboletam, a nos explorar e
influenciar?
Podemos
responder com aquela velha brincadeira:
– Por
que o cachorro entra na igreja?
– Porque
a porta está aberta.
Assim
acontece em relação aos Espíritos que nos influenciam.
Aproximam-se, envolvem-nos, entram em nossa casa mental, porque está aberta ,
porque não temos defesas espirituais.
Falta-nos a disciplina mental , fruto da reflexão , do estudo , da meditação e,
sobretudo, um roteiro de vida voltado para a vivência dos princípios
religiosos.
No
Centro Espírita, o obsidiado submete-se ao tratamento espiritual e recebe ajuda
dos benfeitores , o que favorece o afastamento das entidades
perturbadoras.
Todavia
, não basta afastar o malfeitor. É preciso que aprendamos a nos defender,
porquanto pode ser que ele resolva voltar e venha acompanhado de outros iguais a
ele ou piores , produzindo estrago maior.
É a esse
tipo de problema que Jesus se refere ao advertir quanto à recaída, nos processos
obsessivos.
***
A
solução é tão óbvia quando a questão do cachorro que entra na igreja.
Para que
o Espírito não torne a invadir nossa casa mental é preciso fechar
a porta, mudando a postura diante da Vida.
Sempre
oportuno reiterar que Espíritos perturbadores só conseguem nos envolver a partir
de nossas cogitações íntimas.
Na
questão 469, de O Livro dos
Espíritos , Kardec pergunta aos mentores espirituais como podemos
neutralizar essa influência.
A
resposta é bastante elucidativa:
Praticando o Bem e pondo
em Deus a nossa confiança…
Quem
cumpre essa orientação jamais resvala para o desânimo, a tristeza, a angústia, o
medo, portas que se abrem à ação das sombras.
Consideremos, entretanto , que não se trata de um comportamento para
determinadas situações, mas de uma atitude perante a Vida.
É preciso um empenho permanente, no
sentido de instalarmos, em definitivo, em nossa casa mental, as defesas
evangélicas, a fim de que jamais seja invadida por desocupados, viciados ou
malfeitores do Além.
(in Informativo "Notícias do Movimento Espírita", Ismael Gobbo)