"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


terça-feira, 22 de maio de 2012

"Casa desprotegida", por Richard Simonetti

Mateus, 12:43-45
Lucas, 11:24-26

Desde os tempos mais remotos, encontramos referências à influência exercida pelos Espíritos sobre os homens.

Na antiga Grécia, situavam-se como deuses que interferiam no destino humano , de conformidade com seus humores.
Na Idade Média, consagrou-se a idéia do demônio, filho rebelde de Deus, especializado em induzir suas vítimas à perdição.
A Doutrina Espírita , descerrando a cortina que separa a Terra do Além, demonstra que são simplesmente as almas dos mortos , ou homens desencarnados, agindo de conformidade com suas tendências e desejos.
Como o Plano Espiritual é apenas uma projeção do plano físico , muitos deles permanecem junto a nós, envolvendo-nos com seus pensamentos, idéias e sensações.
Na questão 459, de O Livro dos Espíritos, o mentor espiritual informa que essa influência é tão acentuada que, não raro, eles nos dirigem.
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Muitos procuram os Centros Espíritas , informados de que seus males físicos ou psíquicos, que resistem a tratamento médico, podem guardar relação com esse assédio.
Está certo, mas há um detalhe:
Os casos mais graves , em que temos a presença de Espíritos rebeldes e agressivos que intentam vingar-se de passadas ofensas , desta ou de outras vidas, não são os mais freqüentes.
Em sua maioria, sofrem a pressão de Espíritos presos ao imediatismo terrestre. Experimentam o que chamaríamos adensamento do corpo espiritual , o perispírito, que os leva a viver como se fossem seres humanos, experimentando as mesmas necessidades , relacionadas com alimentação , abrigo, sexo , vícios ...
 
 
Seu contato conosco lembra a simbiose que se estabelece quando determinada planta entranha-se numa árvore , valendo-se de seus elementos nutritivos.
Raras pessoas escapam a essa ligação, que obedece às tendências de cada um , estabelecendo sintonia.
Geralmente, não querem nos prejudicar.
A expressão mais correta seria explorar.
Exploram nosso psiquismo , servem-se dos fluidos densos que lhes possamos oferecer.
Essa pressão nos perturba, porquanto colhemos seus pensamentos desajustados, suas ansiedades e inquietações. E nos exaure psiquicamente, já que agem como autênticas sanguessugas espirituais.
A partir daí, sentimo-nos enfraquecidos, com males renitentes que resistem a todos os tratamentos.
Há, ainda, o grave problema dos viciados do Além. Estes nos induzem ao fumo, ao álcool, às drogas, a fim de que, em associação psíquica, experimentem a satisfação desejada.
É como um transe mediúnico às avessas. Ao invés do médium captar suas impressões, eles captam as sensações do “médium”.
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Jesus teve freqüentes contatos com esses Espíritos , chamados, por seus contemporâneos , imundos , impuros , maus, demoníacos…
Sempre os afastava. E antecipava o conhecimento espírita a respeito do assunto , dizendo, textualmente:
Quando o Espírito impuro tem saído dum homem , anda por lugares áridos , procurando repouso ; não o encontrando, diz: “Voltarei para minha casa , donde saí.”
E, ao chegar , acha-a desocupada , varrida e adornada.
Então, ele vai e leva consigo mais sete Espíritos piores do que ele , e ali entram e habitam.
O último estado daquele homem fica sendo pior que o primeiro.
Jesus situa a mente humana como uma residência, habitada pelos pensamentos.
Sua organização e disposição interna dependem do proprietário – a vontade.
  • Casa escura.
Idéias negativas:
– Ninguém me ama!
– Nada dá certo em minha vida!
– Quero morrer!
  • Casa mal-arrumada.
Indisposição para concentrar-se:
– Não estou entendendo nada…
– Odeio ler!
– A palestra dá-me sono.
  • Casa vazia.
Ausência de ideais:
– Tenho alergia pela palavra ajudar!
– Cada um por si e Deus por todos!
– Quero mais é gozar a vida!
  • Casa arejada.
Exercício de compreensão:
– Não há o que perdoar.
– Conte comigo!
– Tudo bem! Conversando a gente se entende.
  • Casa arrumada.
Pensamentos positivos:
– Tristeza não paga dívida!
– No fim sempre dá certo!
– Estou feliz com seu sucesso!
  • Casa iluminada.
Presença da oração:
– Senhor, seja feita a Tua vontade…
– Não me deixes cair em tentação…
– Livra-me do mal…
Poderíamos efetuar várias outras comparações, situando uma casa mental bonita ou feia , grande ou pequena , luminosa ou trevosa, fechada ou aberta , de conformidade com nossos pensamentos e as tendências que cultivamos.
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Por que os Espíritos entram em nossa casa mental e ali se aboletam, a nos explorar e influenciar?
Podemos responder com aquela velha brincadeira:
– Por que o cachorro entra na igreja?
– Porque a porta está aberta.
Assim acontece em relação aos Espíritos que nos influenciam.
Aproximam-se, envolvem-nos, entram em nossa casa mental, porque está aberta , porque não temos defesas espirituais.
Falta-nos a disciplina mental , fruto da reflexão , do estudo , da meditação e, sobretudo, um roteiro de vida voltado para a vivência dos princípios religiosos.
No Centro Espírita, o obsidiado submete-se ao tratamento espiritual e recebe ajuda dos benfeitores , o que favorece o afastamento das entidades perturbadoras.
Todavia , não basta afastar o malfeitor. É preciso que aprendamos a nos defender, porquanto pode ser que ele resolva voltar e venha acompanhado de outros iguais a ele ou piores , produzindo estrago maior.
 
 
É a esse tipo de problema que Jesus se refere ao advertir quanto à recaída, nos processos obsessivos.
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A solução é tão óbvia quando a questão do cachorro que entra na igreja.
Para que o Espírito não torne a invadir nossa casa mental é preciso fechar a porta, mudando a postura diante da Vida.
Sempre oportuno reiterar que Espíritos perturbadores só conseguem nos envolver a partir de nossas cogitações íntimas.
Na questão 469, de O Livro dos Espíritos , Kardec pergunta aos mentores espirituais como podemos neutralizar essa influência.
A resposta é bastante elucidativa:
Praticando o Bem e pondo em Deus a nossa confiança…
Quem cumpre essa orientação jamais resvala para o desânimo, a tristeza, a angústia, o medo, portas que se abrem à ação das sombras.
Consideremos, entretanto , que não se trata de um comportamento para determinadas situações, mas de uma atitude perante a Vida.
É preciso um empenho permanente, no sentido de instalarmos, em definitivo, em nossa casa mental, as defesas evangélicas, a fim de que jamais seja invadida por desocupados, viciados ou malfeitores do Além.
(in Informativo "Notícias do Movimento Espírita", Ismael Gobbo)


terça-feira, 15 de maio de 2012

Na propaganda eficaz

Há sempre um desejo forte de propaganda construtiva no coração dos crentes sinceros.

Confortados pelo pão espiritual de Jesus, esforçam-se os discípulos novos por estendê-lo aos outros.  Mas, nem sempre acertam na tarefa. Muitas vezes, movidos de impulsos fortes, tornam-se exigentes ou precipitados, reclamando colheitas prematuras.

O Evangelho, porém, está repleto de ensinamentos nesse sentido.

A assertiva de João Batista, nesta passagem, é significativa. Traça um programa a todos os que pretendam funcionar em serviço de precursores do Mestre, nos corações humanos.

Não vale impor os princípios da fé.

A exigência, ainda que indireta, apenas revela seus autores. As polêmicas destacam os polemistas... As discussões intempestivas acentuam a colaboração pessoal dos discutidores. Puras pregações de palavras fazem belos oradores, com fraseologia preciosa e deslumbrantes ornatos da forma.

Claro que a orientação, o esclarecimento e o ensino são tarefas indispensáveis na extensão do Cristianismo, entretanto, é de importância fundamental para os discípulos que o Espírito de Jesus cresça em suas vidas. Revelar o Senhor na própria experiência diária é a propaganda mais elevada e eficiente dos aprendizes fiéis.

Se realmente desejas estender as claridades de tua fé, lembra-te de que o Mestre precisa crescer em teus atos, palavras e pensamentos, no convívio com todos os que te cercam o coração. Somente nessa diretriz é possível atender ao Divino Administrador e servir aos semelhantes, curando-se a hipertrofia congenial do "eu".

(XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio
de Janeiro: FEB. 27 ed. 2008. p. 175-176).