Referimo-nos habitualmente aos desgostos da vida como se nada mais tivéssemos
que pensar.
Tal ocorrência sobrevém, de vez que, em nossas
atuais condições evolutivas, somos ainda propensos a fixar o coração nos
fenômenos do mal, extremamente desmemoriados quanto ao bem, à feição de pessoa
que preferisse morar dentro de uma nuvem, à frente do sol.
Ligeiro mal-estar obscurece-nos a harmonia interior
e adotamos regime de aflição que acaba por atrair-nos moléstia grave... Isso
porque apagamos da lembrança as milhares de horas felizes que lhe antecederam o
aparecimento, sem perceber que o incômodo diminuto é aviso da natureza a que
retomemos posição de equilíbrio.
Breve desajuste no
lar interrompe-nos a alegria e desvairamo-nos em revolta, instalando, às vezes,
perigosos quistos de malquerença, no organismo familiar... Isso porque quase
nunca relacionamos os tesouros de estabilidade e euforia com que somos
favorecidos em casa, longe de observar que o problema imprevisto expressa
bendita oportunidade de consolidarmos o amor e a tranquilidade no instituto
doméstico.
Um companheiro nos deixa a convivência e deitamos
longas teorias, acerca da ingratidão, estabelecendo complicações de
profundidade... Isso porque olvidamos as afeições preciosas que nos enriquecem
os dias, incompetentes que nos achamos para concluir que o amigo, tangido pelas
forças espirituais com que se afina, terá buscado o tipo de experiência mais
adequada aos próprios impulsos com vantagem para ele e proveito nosso.
Insignificante desentendimento reponta na esfera
profissional e exageramos o acontecido, lançando perturbação ou incrementando a
desordem... Isso porque muito dificilmente ligamos justa importância aos dotes
inúmeros que recolhemos do nosso campo de trabalho, inábeis para reconhecer que
o destempero havido é o ensejo de proteger e prestigiar a organização a que
fomos chamados, em favor de nós mesmos.
Desgosto está efetivamente para o coração, como a
poda para a árvore.
Se dissabores nos visitam, recordemos que a vida
está cortando o prejudicial e o supérfluo, em nossas plantas de ideal e
realização, a fim de que possamos nos renovar e melhor produzir.
(Pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier. Livro: "Caminho Espírita",
lição nº 51, página
113).
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