"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Tiradentes

21 de abril de 1937,



          Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira, no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto, a fim de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes.

            Nessas assembleias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os preitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais.

         Ainda agora, compareci a essa festividade de corações, integrando a caravana de alguns brasileiros desencarnados, que para lá se dirigiu associando-se às comemorações do proto mártir da emancipação do País.

          Nunca tive muito contato com as coisas de Minas Gerais, mas a antiga Vila Rica, atualmente elevada à condição de Monumento Nacional, pelas suas relíquias prestigiosas, sempre me impressionou pela sua beleza sugestiva e legendária. Nas suas ruas tortuosas, percebe-se a mesma fisionomia do Brasil dos Vice-Reis. Uma coroa de lendas suaves paira sobre. as suas ladeiras e sobre os seus edifícios seculares, embriagando o espírito do forasteiro com melodias longínquas e perfumes distantes. Na terra empedrada, ainda existem sinais de passos dos antigos conquistadores do ouro dos seus rios e das suas minas e, nas suas igrejas, ainda se ouvem soluços de escravos, misturados com gritos de sonhos mortos, do seu valoroso heroísmo. A velha Vila Rica, com a névoa fria dos seus horizontes, parece viver agora com as suas saudades de cada dia e com as suas recordações de cada noite.

          Sem me alongar nos lances descritivos, acerca dos seus tesouros do passado, objeto da observação de jornalistas e escritores de todos os tempos, devo dizer que, na noite de hoje, a casa antiga dos Inconfidentes tem estado cheia das sombras dos mortos. Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, José Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Dorotéia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração. Mas, de todas as figuras veneráveis ao alcance dos meus olhos, a que me sugeria as grandes afirmações da pátria era, sem dúvida, a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra.

          Falando-lhe a respeito do movimento de emancipação política, do qual havia sido o herói extraordinário, declinei minha qualidade de seu ex-compatriota, filho do Maranhão, que também combatera, no passado, contra o domínio dos estrangeiros.

                   - "Meu amigo - declarou com bondade -, antes de tudo, devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da pátria.. Hoje, posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática; mas, estávamos embriagados pelas idéias generosas que nos chegavam da Europa, através da educação universitária. E, sobretudo, o exemplo dos Estados Americanos do Norte, que afirmaram os princípios imortais do direito do homem, muito antes do verbo inflamado de Mirabeau, era uma luz incendiando a nossa imaginação.

          O Congresso de Filadélfia, que reconheceu todas as doutrinas democráticas, em 1776, afigurou-se-nos uma garantia da concretização dos nossos sonhos. Por intermédio de José Joaquim da Maia procuramos sondar o pensamento de Jefferson, em Paris, a nosso respeito; mas, infelizmente, não percebíamos que a luta, como ainda hoje se verifica no mundo, era de princípios. O fenômeno que se operava no terreno político e social era o desprezo do absolutismo e da tradição, para que o racionalismo dirigisse a Vida dos homens. Fomos os títeres de alguns portugueses liberais, que, na colônia, desejavam adaptar-se ao novo período histórico do Planeta, aproveitando-se dos nossos primeiros surtos de nacionalismo. Não possuíamos um índice forte de brasilidade que nos assegurasse a vitória, e a verdade só me foi intuitivamente revelada quando as autoridades do Rio mandaram prender-me na rua dos Latoeiros."

                    - E nada tendes a dizer sobre a defecção de alguns dos vossos companheiros? - perguntei.

             - "Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças. . . Aliás, não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da província, antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde, que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo." - E sobre esses fatos dolorosos, não tendes alguma impressão nova a nos transmitir?

              E os lábios do Herói da Inconfidência, como se receassem dizer toda a verdade, murmuraram estas frases soltas:

                   - "Sim. . . a Sala do Oratório e o vozerio dos companheiros desesperados com a sentença de morte... a Praça da Lampadosa, minha veneração pelo Crucifixo do Redentor e o remorso do carrasco. . . a procissão da Irmandade da Misericórdia, os cavaleiros, até o derradeiro impulso da corda fatal, arrastando-me para o abismo da Morte..."

                    E concluiu: 

        - "Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos."

            - É verdade - acrescentei -, reza a História que, no instante da vossa morte, um religioso, falou. sobre o tema do Eclesiastes - "Não atraiçoes o teu rei, nem mesmo por pensamentos."

                       E terminando a minha observação com uma pergunta, arrisquei:

                     - Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito?

                - "Apenas a de que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum, em "favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios."

                   Antes que se fizesse silêncio entre nós, tornei ainda:

             - Com relação aos ossos dos inconfidentes, vindos agora da África para o antigo teatro da luta, hoje transformado em Panteão Nacional, são de fato autênticos esqueletos dos apóstolos da liberdade? 

             - "Nesse particular - respondeu Tiradentes com uma ponta de ironia -; não devo manifestar os meus pensamentos. Os ossos encontrados tanto podem ser de Gonzaga, como podem pertencer, igualmente, ao mais miserável dos negros de Angola. O orgulho humano e as vaidades patrióticas têm também os seus limites... Aliás, o que se faz necessário é a compreensão dos sentimentos que nos moveram a personalidade, impelindo-nos para o sacrifício e para a morte. ..”

            Mas, não pôde terminar. Arrebatado numa' aluvião de abraços amigos e carinhosos, retirou-se o grande patriota que o Brasil hoje festeja, glorificando o seu heroísmo e a sua doce humildade.

       Aos meus ouvidos emocionados ecoavam as notas derradeiras da música evocativa e dos fragmentos de orações que rodeavam o monumento do Herói, afigurando-se-me que Vila Rica ressurgira, com os seus coches dourados e os seus fidalgos, num dos dias gloriosos do Triunfo Eucarístico; mas, aos poucos, suas luzes se amorteceram no silêncio da noite, e a velha cidade dos conspiradores entrou a dormir, no tapete glorioso de suas recordações, o sono tranqüilo -dos seus sonhos mortos.

(Do livro "Crônica de Além-Túmulo", pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier).

terça-feira, 22 de abril de 2014

A Ponte de Luz

Terminara Jesus a prédica no monte.
Nisso, o apóstolo Pedro se aproxima
E diz-lhe: "Senhor, existe alguma ponte
Que nos conduza ao Alto, ao Céu que brilha muito acima?
Conforme ouvi de tua própria voz,
Sei que o Reino do Amor está dentro de nós...
Mas deve haver, no Além, o País da Beleza,
Mais sublime que o Sol, em fulgor e grandeza...
Onde essa ligação, Senhor, esse divino acesso?"
 
Jesus silenciou, como entrando em recesso
Da palavra de luz que lhe fluía a jorro...
Circunvagou o olhar pelas pedras do morro
E, depois de comprida reflexão,
Falou ao companheiro: - "Ouve, Simão,
Em verdade, essa ponte que imaginas
Existe para a Vida Soberana,
Mas temos de atingi-la por estrada
Que não é bem a antiga estrada humana."
 
- "Como será, Senhor, esse caminho?"
Tornou Simão a perguntar.
E Jesus respondeu sem hesitar:
- "Coração que a escolha, às vezes, vai sozinho,
E quase que não tem
Senão renúncia e dor, solidão e amargura...
E conquanto pratique e viva a lei do bem,
Sofre o assédio do mal que o vergasta e procura
Reduzi-lo à penúria e ao desfalecimento.
Quem busca nesta vida transitória,
Essa ponte de luz para a eterna vitória
Conhecerá, de perto, o sofrimento
E há de saber amar aos próprios inimigos,
Não contará percalços nem perigos
Para servir aos semelhantes,
Viverá para o bem a todos os instantes
E mesmo quando o mal pareça o vencedor,
Confiando-se a Deus, doará mais amor...
E ainda que a morte, Pedro, se lhe imponha,
Na injustiça ferindo-lhe a vergonha,
Aceitará pedradas sem ferir,
Desculpará injúria e humilhação
Se deseja elevar o coração
À ponte para o Reino do Porvir..."
 
Alguns dias depois, o Cristo flagelado,
Entregue à própria sorte
Encontrava na cruz o impacto da morte,
Silencioso, sozinho, desprezado...
 
Terminada que foi a gritaria
Da multidão feroz naquele dia,
Ante o Céu anunciando aguaceiro violento,
Pedro foi ao Calvário, aflito e atento,
Envergando disfarce...
Queria ver o Mestre, aproximou-se
Para sentir-lhe o extremo desconforto...
 
Simão chorou ao ver o Amigo morto.
 
E ao fitá-lo, magoado, longamente
Ele ouviu, de repente,
Uma voz a falar-lhe das Alturas:
- "Pedro, segue, não temas, crê somente!...
Recorda os pensamentos teus e meus...
Esta cruz que me arrasa e me flagela
É a ponte que sonhavas, alta e bela,
Para o Reino de Deus."
 
 
(Pelo Espírito Maria Dolores. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: A Vida Conta. Lição nº 08. Página 34).

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sobre o Natal - por Irmão X



Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria enfim...

Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.

Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.

Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.

Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...

E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.

Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesaréia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia... Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.

Tudo era febre de expectação e ansiedade.

Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.

Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.
Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia... Uma estrela estranha rutila no firmamento.

O Enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.

Milícias angelicais rejubilam-se em pleno céu...

Mas nem príncipes, nem doutores, nem sábios e nem poderosos da Terra lhe assistem a consagração comovente e sublime.

São pastores humildes que se aproximam, estendendo-lhe os braços.

Camponeses amigos trazem-lhe peles surradas.

Mulheres pobres entregam-lhe gotas de leite alvo.

E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...

- "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os Homens!..."

Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo...

E o povo com Ele inicia uma nova era...
É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.

Lembrando o Rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.

Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.

Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia...

Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.

Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás uma voz do Céu a sussurrar-te, sutil:

- Jesus nasceu! Jesus nasceu!...

E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.


(Pelo Espírito Irmão X, Do livro "Antologia Mediúnica do Natal", De Francisco Candido Xavier, Espíritos Diversos. FEB).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Trabalho Divino

Escuta, alma querida e boa,
Perante as aflições que te espanquem a vida,
Na prova que atordoa,
Há sofrimento, lágrima e tumulto,
Embora tolerando o impacto das trevas,
Busca enxergar o mecanismo oculto
Das tarefas de amor e redenção que levas!...

Deus clareia a razão
Aqui, ali, além,
Para que o nosso próprio coração
Revele por si mesmo a lei do bem...

Tens para dar, conheces para ver
E para dar e ver já podes discernir...
Eis a missão que trazes por dever:
Trabalhar, compreender, elevar, construir!...

Tudo o que existe e vibra
Entre as forças do mundo,
Tem no próprio destino o dom profundo.
De ajudar e servir!...

O sol gasta-se em luz a entregar-se de todo
E tanto ampara aos céus quanto às furnas de lodo...
O jardim despojado a refazer-se espera
Para dar-se de novo em nova primavera...
Toda árvore esquece o que sofre do homem
E apoia sem cessar aqueles que a consomem!...
Olha o minério arrebatado ao solo,
Sem possibilidades de regresso.
Padece fogo ardente
A fim de assegurar constantemente
O esplendor do progresso.

Já consegues pensar que qualquer flor que apanhas,
A mais singela e mais descolorida,
É um sonho que arrancaste à natureza
Para adornar-te a vida?
Que modelas a enxada
E golpeias o chão,
Para que o chão te guarde a sementeira
E te forneça o pão?

Assim também por onde vás,
Ante assaltos, tragédias, ironias,
Tribulação ou desengano,
Quando as estradas do cotidiano
Surjam mais espinhosas ou sombrias,
Nada reclamas, serve.
E nem reproves, ama!
Em toda a parte a vida te reclama
Tolerância, alegria, esperança e bondade,
Inda que a dor te fira ou arrase os sonhos teus,
Porque o Céu te entregou a liberdade
De servir e elevar a Humanidade
Por trabalho de Deus.
 
(Pelo Espírito Maria Dolores - Do livro Encontro de Paz, pelo médium: Francisco Cândido Xavier).

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Desgosto

            Referimo-nos habitualmente aos desgostos da vida como se nada mais tivéssemos que pensar.
Tal ocorrência sobrevém, de vez que, em nossas atuais condições evolutivas, somos ainda propensos a fixar o coração nos fenômenos do mal, extremamente desmemoriados quanto ao bem, à feição de pessoa que preferisse morar dentro de uma nuvem, à frente do sol.
Ligeiro mal-estar obscurece-nos a harmonia interior e adotamos regime de aflição que acaba por atrair-nos moléstia grave... Isso porque apagamos da lembrança as milhares de horas felizes que lhe antecederam o aparecimento, sem perceber que o incômodo diminuto é aviso da natureza a que retomemos posição de equilíbrio.
Breve desajuste no lar interrompe-nos a alegria e desvairamo-nos em revolta, instalando, às vezes, perigosos quistos de malquerença, no organismo familiar... Isso porque quase nunca relacionamos os tesouros de estabilidade e euforia com que somos favorecidos em casa, longe de observar que o problema imprevisto expressa bendita oportunidade de consolidarmos o amor e a tranquilidade no instituto doméstico.
Um companheiro nos deixa a convivência e deitamos longas teorias, acerca da ingratidão, estabelecendo complicações de profundidade... Isso porque olvidamos as afeições preciosas que nos enriquecem os dias, incompetentes que nos achamos para concluir que o amigo, tangido pelas forças espirituais com que se afina, terá buscado o tipo de experiência mais adequada aos próprios impulsos com vantagem para ele e proveito nosso.
Insignificante desentendimento reponta na esfera profissional e exageramos o acontecido, lançando perturbação ou incrementando a desordem... Isso porque muito dificilmente ligamos justa importância aos dotes inúmeros que recolhemos do nosso campo de trabalho, inábeis para reconhecer que o destempero havido é o ensejo de proteger e prestigiar a organização a que fomos chamados, em favor de nós mesmos.
Desgosto está efetivamente para o coração, como a poda para a árvore.
Se dissabores nos visitam, recordemos que a vida está cortando o prejudicial e o supérfluo, em nossas plantas de ideal e realização, a fim de que possamos nos renovar e melhor produzir.
 
 
(Pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: "Caminho Espírita",
lição nº 51, página 113).

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Os exilados de Capela - filme explicativo

O livro "Os Exilados de Capela", de Edgard Armond, é uma obra extraordinária que trata das questões da evolução espiritual de uma humanidade. Outra importante obra sobre o mesmo tema é o livro "A Caminho da Luz", do Espírito  Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.
 
 
 
*Leiam o capítulo XVIII de A GENESE - Alan Kardec "São Chegados os Tempos", pricipalmente o ítem 27 - A GERAÇÂO NOVA

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Retorno ao Evangelho: mensagem do Dr. Bezerra de Menezes


...Eis que vos foi dito: “Amareis aqueles que vos amam e odiareis aqueles que vos odeiam. Eu porém vos digo: Amareis aqueles que vos odiarem”,  para que estejais perfeitamente integrados no espírito da solidariedade.
 
Meus filhos, o Evangelho de Jesus tem regime de urgência na intimidade dos nossos corações.
 
Este é o século da tecnologia de ponta, da ciência, na sua mais elevada postura, mas haverá de ser também o século do amor. Deveremos atrair o sentimento de amor para que ele produza a sabedoria em nosso ser.
 
Sereis muitas vezes hostilizados pela brandura de coração; sereis discriminados pela conduta rígida no cumprimento do dever; experimentareis ironia e descaso pela fidelidade a Jesus.
 
Crede, é transitório o carro carnal, e quando dele nos despojarmos a consciência irá conduzir-nos ao país do remorso ou ao continente das bem-aventuranças.
 
Vivei de tal forma que podereis olhar aqueles que vos criam embaraços nos olhos sem abaixardes as vossas vistas.
 
É necessário muita coragem para esse logro.
 
 Assevera-se que aquele indivíduo que é bom, que é humilde, é um covarde. É necessário, porém, muita coragem para ser-se bom. É indispensável muita energia para beber-se a taça da amargura, sem reprimenda, sem reclamação e transformá-la em licor que dê energia e vitalize a existência.
 
Não foi o acaso que vos convocou para o encontro desta hora em que a sociedade estorcega na impiedade, na loucura na sexolatria, na toxicomania.
 
 Sede vós pacíficos e pacificadores. Produzi em vossos lares o reino dos céus, construí-o no aconchego da alma que está ao lado da vossa alma, dos filhinhos que vos foram confiados, cuja conduta será consequência da educação que lhes administrardes, em forma de paz.
 
...E encontrareis a razão de viver nesse sentimento do amor pulcro e penetrante que irriga a vida de alegria, que ilumina as ansiedades com paz.
 
Filhas e filhos da alma: não desperdiceis o tempo que urge, e ele se chama agora. Não postergueis a vossa oportunidade de autoiluminação. Jesus já veio ter conosco. Hoje espera-nos e manda à Terra os Seus embaixadores para que nos levem de volta ao Seu doce aconchego e repita suavemente: - Vinde a mim, eu vos consolarei!
 
Ide de retorno aos vossos lares, mansos e pacíficos, porque será assim que se dará início à era da regeneração, que vem sendo trabalhada desde o dia em que a codificação chegou à Terra, quando o lobo e o cordeiro beberão na mesma fonte; quando os rosais colocarão as suas pétalas para dentro dos lares; quando as sombras forem clareadas pelas Estrelas luminíferas que fazem parte da divina coorte.
 
Amai! O amor redime a criatura humana. E depois, discípulos de Jesus, o Mestre nos espera.
 
Muita paz!
 
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe!
 
São os votos do servidor humílimo e paternal,
 
Bezerra.
 
(Mensagem recebida por psicofonia através do médium Divaldo Pereira Franco, no término da conferência proferida na Instituição Assistencial e Educacional Amélia Rodrigues em Santo André, SP, na noite de 29 de setembro de 2013, extraído do portal REDE AMIGO ESPÍRITA)

*Revisada pelo autor

domingo, 28 de outubro de 2012

Amor Onipotente

Na hora atribulada de crise, em que as circunstâncias te prostraram a alma na provação, muitos acreditaram que não mais te levantarias, no entanto quando as trevas se adensavam, em torno, descobriste ignoto clarão que te impeliu à trilha da esperança, laureada de sol.
 
Na cela da enfermidade, muitos admitiram que nada mais te faltava senão aceitar o lance da morte, contudo, nos instantes extremos, mãos intangíveis te afagaram as células fatigadas, renovando-lhes o calor, para que não deixasses em meio o serviço que te assinala a presença na Terra.
 
No clima da tentação, muitos concordaram em que apenas te restava a decadência definitiva, todavia, nos derradeiros centímetros da margem barrenta que te inclinava ao despenhadeiro, manifestou-se um braço oculto que te deteve.
 
Na vala da queda a que te arrojaste, irrefletidamente, muitos te julgaram para sempre em desprezo publico, entretanto, ao respirares, no cairel da loucura, recolheste íntimo apoio, que te guardou o coração, refazendo-te a vida.
 
Na tapera da solidão a que te relegaram os entes mais queridos, muitos te supuseram em supremo abandono, mas no último sorvo do pranto que te parecia inestancável, experimentaste inexplicável arrimo, induzindo-te a buscar outros afetos que passaram a enobrecer-te.
 
No turbilhão das dificuldades que te envolvam o dia, pensa em Deus, o Amor Onipresente, que não nos desampara.
 
Por mais aflitiva seja a dor, trará Ele bálsamo que consola; por mais obscuro o problema, dará caminho certo à justa solução.
 
Ainda assim, não te afoites em personalizá-lo ou defini-lo.
 
Baste-nos a palavra de Jesus que no-lo revelou como sendo Nosso Pai.
 
Sobretudo, não te importe se alguém lhe nega a existência enquanto se lhe abrilhantam as palavras nas aparências do mundo, quando pudeste encontrá-lo, dentro do coração, nos momentos de angústia. É natural seja assim.
 
Quando a noite aparece, é que os olhos dos homens conseguem divisar o esplendor das estrelas.
 
 
(Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier, do livro "Opinião Espírita", lição nº 56, p. 182).
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Alerta: "A nova leitura mediúnica", por José Passini, Juiz de Fora/MG

“E falem dois ou três profetas,
e os outros julguem.”
Paulo (I Co, 14: 29)
 
As palavras de Paulo – inegavelmente a maior autoridade em assuntos mediúnicos dos tempos apostólicos – deveriam servir de alerta àqueles que têm a responsabilidade da publicação de obras de origem mediúnica.
A literatura mediúnica tem aumentado de maneira assustadora. Diariamente, aparecem novos médiuns, novos livros, alguns bem redigidos, se observados quanto ao aspecto gramatical, mas de conteúdo duvidoso se analisadas as revelações fantasiosas que iludem muitos novatos, ainda sem conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame criterioso daquilo que leem.
                          Muitos desses livros se originam de Espíritos ardilosos que, de maneira sutil, se lançam no meio espírita como arautos de novas revelações capazes de encantarem leitores menos preparados, aqueles sem um lastro de conhecimento doutrinário que lhes possibilite um exame lúcido, capaz de os levar a conclusões esclarecedoras.
                          Muitas pessoas que conheceram recentemente a Doutrina, antes de estudarem Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne e outros autores conceituados; antes de lerem as obras de médiuns como Francisco Cândido Xavier, Yvonne A. Pereira, Divaldo Franco, José Raul Teixeira, estão se deparando com obras fantasiosas, escritas em linguagem vulgar, contendo o que pretendem seus autores – encarnados e desencarnados – sejam novas revelações.
                          Bezerra de Menezes, Emmanuel, André Luiz, Meimei, Manoel Philomeno de Miranda, Joanna de Ângelis e tantos outros Espíritos se tornaram conhecidos e respeitados pelo conteúdo sério, objetivo, seguro, esclarecedor de suas obras, sempre redigidas em linguagem nobre. Esses Espíritos conquistaram, pouco a pouco, o respeito, a credibilidade e a admiração do público espírita pelo conteúdo de seus escritos, na forma de mensagens ou de livros, publicados espaçadamente, como que dando tempo a um estudo sereno e criterioso do seu conteúdo.
                           Nos dias que correm, infelizmente, o quadro se modificou. Muitos médiuns, valendo-se de nomes já conhecidos pelo valor de suas obras, tentam impor-se aos leitores espíritas, não pelo valor das mensagens em si, mas escorados em nomes respeitáveis.
                           Sabendo-se que nomes pouco importam aos Espíritos esclarecidos, é de se perguntar por que os benfeitores que se notabilizaram através de Francisco Cândido Xavier haveriam de continuar usando seus nomes em mensagens transmitidas através de outros médiuns? Se o importante é servir à causa do Bem, por que essa continuidade na identificação, tão pessoal, tão terrena? Não seria mais consentâneo com a impessoalidade do trabalho dos Servidores do Bem deixar que o valor intrínseco da mensagem se revele, sem estar escorado num nome conhecido? Por que não deixar que a mensagem se imponha pelo valor de seu conteúdo? Por que escudar-se em nomes respeitáveis, quando o texto não resiste a uma comparação, até mesmo superficial, de conteúdo e, às vezes, até mesmo de forma?
                              Por que essa ânsia insofreável de publicar tudo o que se recebe – ou que se imagina ter recebido – dos Espíritos? Onde o critério, a sobriedade tantas vezes recomendada na obra de Kardec? Será que o público espírita já leu, estudou, analisou, entendeu toda a produção mediúnica produzida até agora?
                             Ao dizer isso não se está afirmando que a fase de produção mediúnica está encerrada. Sabe-se que a Doutrina é dinâmica, que a revelação é progressiva. Progressiva, e não regressiva, pois há obras que estão muito abaixo daquilo que se publicou até hoje, para não dizer que há aquelas que nunca deveriam estar sendo publicadas.
                  Infelizmente, os periódicos espíritas, de modo geral, não publicam análises dessas obras que estão sendo comercializadas, ostentando indevidamente o nome da Doutrina.
                  Impera, no meio espírita, um sentimento de falsa caridade, um pieguismo mesmo, que impede se analise uma obra diante do público. Essas atitudes é que encorajam médiuns ávidos de notoriedade à publicação dessa verdadeira avalancha de obras, que vão desde aquelas discutíveis a outras verdadeiramente reprováveis.
                 Nesse particular, é justo se chame a atenção dos dirigentes de núcleos espíritas, sejam centros, sejam livrarias, a fim de que avaliem a responsabilidade que lhes cabe quanto ao que é dado a público em nome do Espiritismo. O dirigente – ou o grupo responsável pela direção de uma casa espírita – responderá perante o Alto, sem a menor dúvida, pela fidelidade aos princípios doutrinários de tudo o que se divulga em nome do Espiritismo, seja na exposição oral, num livro ou simplesmente num folheto. O mesmo se diga relativamente àqueles responsáveis pelas associações intituladas “clube do livro”.
 

12 de Outubro - Dia das crianças

Comemora-se no dia 12 de outbro o "Dia da criança".
 
O Evangelho (Marcos 10:13 a 16) nos diz:
 
"Apresentaram a Jesus então umas criancinhas, a fim de que Ele as tocasse. E como seus discípulos repelissem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso repreendeu-os e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais; pois o reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade, que todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E tendo-as abraçado, abençoou-as impondo-lhes as mãos."
 
 
E o Consolador prometido (Jo 14:26) nos esclarece:
 
A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Ela exclui todo pensamento egoísta e orgulhoso. É por isso que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como a tinha tomado para o da humildade.
 
Esta comparação poderia parecer injusta, se considerássemos que o Espírito da criança pode ser muito antigo e que traz ao renascer, para a vida corporal, as imperfeições das quais não se libertou nas existências anteriores. Somente um Espírito que tivesse atingido a perfeição poderia nos dar o modelo da verdadeira pureza. Mas ela é exata do ponto de vista da vida presente, pois a criança, não podendo ainda manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Além do que, Jesus não diz de uma maneira categórica e absoluta que o reino de Deus é para elas, mas sim para aqueles que se lhes assemelham.
 
Uma vez que o Espírito da criança já viveu outras encarnações, por que não se mostra, desde o nascimento, tal como é? Tudo é sabedoria na obra de Deus. A criança tem necessidade de cuidados delicados que somente a ternura maternal pode lhe dar, e essa ternura se torna mais necessária diante da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo, e é preciso que seja assim para cativar sua solicitude. Ela não teria o mesmo devotamento se, no lugar da graça ingênua, sentisse, sob traços infantis, um caráter viril e as idéias de um adulto, e muito menos se conhecesse o seu passado.
 
Aliás, é preciso que a atividade do princípio inteligente seja proporcional à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, assim como vemos nas crianças precoces.
 
É por isso que, na proximidade da encarnação, o Espírito, entrando em perturbação, perde pouco a pouco a consciência de si mesmo, ficando, durante um certo período, numa espécie de sono, durante o qual todas as suas capacidades permanecem adormecidas. Esse estado transitório é necessário para dar ao Espírito um novo ponto de partida e fazê-lo esquecer, em sua nova existência terrena, as coisas que pudessem atrapalhá-lo. Entretanto, seu passado reage sobre ele e, desse modo, renasce para uma vida maior, mais forte moral e intelectualmente, sustentado e acompanhado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
 
A partir do nascimento, suas idéias retomam gradualmente seu impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos. Daí pode-se dizer que, durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, pois as idéias que formam a qualidade de seu caráter ainda estão adormecidas.
 
Durante esse tempo em que seus instintos dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa dos pais.
 
O Espírito veste, pois, por um tempo, a roupagem da inocência, e Jesus sabe dessa verdade quando, apesar da anterioridade da alma, toma a criança como símbolo da pureza e da simplicidade.
 
Pensemos nisso.
 
Abraços.
 
(por Navarro, in informativo "Notícias do Movimento Espírita" de Ismael Gobbo)
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Diferentes categorias de mundos habitados

"Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há os em que  seus habitantes são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. À medida que esta se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual."
("O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, FEB, Cap. III, item 3).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Centro Espírita

Em 1º de abril de 1858, Allan Kardec inaugurou em Paris o primeiro centro espírita do mundo, denominado "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas", tendo explicado a sua criação no final da edição de maio do mesmo ano da Revista Espírita:

"A extensão, por assim dizer, universal que tomam, cada dia, as crenças espíritas, fazem desejar vivamente a criação de um centro regular de observações; essa lacuna vem de ser preenchida. A Sociedade, da qual estamos felizes por anunciar a formação, composta exclusivamente de pessoas sérias, isentas de prevenção, e animadas do desejo sincero de se esclarecerem, contou, desde o início, entre seus partidários, homens eminentes pelo saber e posição social. Ela está chamada, disso estamos convencidos, a prestar incontáveis serviços para a constatação da verdade. Seu regulamento orgânico lhe assegura homogeneidade sem a qual não há vitalidade possível; está baseada na experiência de homens e de coisas, e sobre o conhecimento das condições necessárias às observações que fazem o objeto de suas pesquisas. Os estrangeiros que se interessam pela Doutrina Espírita encontrarão, assim, vindo a Paris, um centro ao qual poderão se dirigir para se informarem, e onde poderão comunicar suas próprias observações."

E em 1861, quando da publicação de "O Livro dos Médiuns", com o intuito de entregar aos espíritas um roteiro de como constituir um Centro Espírita, Allan Kardec publica, no capítulo 30, o Estatuto da Sociedade, que revela a preocupação do Codificador em manter uma estrutura enxuta e calcada nos sérios objetivos do Espiritismo, como podemos observar no seu artigo 1º, in verbis:

"A Sociedade tem por fim o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas. As questões de política, de controvérsia religiosa e de economia social lhe são interditas. Ela toma por nome: Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas."

É assim que os centros espíritas deveriam ser e com estes objetivos é que deveriam ser criados. Nada mais além disso.

Pensemos nisso!

(Texto adaptado da publicação de Marcus Alberto de Mario, do site "Rede Amigo Espírita")

"E a vida continua...", o filme

Adaptado da obra literária E a vida Continua... psicografada por Chico Xavier e ditada pelo Espírito André Luiz, o filme de mesmo nome estreia em agosto deste ano. Dirigido e com roteiro adaptado por Paulo Figueiredo e produção de Oceano Vieira de Melo, E a vida Continua....o filme é uma realização da Versátil Digital Filmes, da VerOuvir Produções Artísticas com apoio cultural da Federação Espírita Brasileira. A distribuição nos cinemas será pela Paris Filmes e tem estreia prevista para 31 de agosto.

terça-feira, 22 de maio de 2012

"Casa desprotegida", por Richard Simonetti

Mateus, 12:43-45
Lucas, 11:24-26

Desde os tempos mais remotos, encontramos referências à influência exercida pelos Espíritos sobre os homens.

Na antiga Grécia, situavam-se como deuses que interferiam no destino humano , de conformidade com seus humores.
Na Idade Média, consagrou-se a idéia do demônio, filho rebelde de Deus, especializado em induzir suas vítimas à perdição.
A Doutrina Espírita , descerrando a cortina que separa a Terra do Além, demonstra que são simplesmente as almas dos mortos , ou homens desencarnados, agindo de conformidade com suas tendências e desejos.
Como o Plano Espiritual é apenas uma projeção do plano físico , muitos deles permanecem junto a nós, envolvendo-nos com seus pensamentos, idéias e sensações.
Na questão 459, de O Livro dos Espíritos, o mentor espiritual informa que essa influência é tão acentuada que, não raro, eles nos dirigem.
***
Muitos procuram os Centros Espíritas , informados de que seus males físicos ou psíquicos, que resistem a tratamento médico, podem guardar relação com esse assédio.
Está certo, mas há um detalhe:
Os casos mais graves , em que temos a presença de Espíritos rebeldes e agressivos que intentam vingar-se de passadas ofensas , desta ou de outras vidas, não são os mais freqüentes.
Em sua maioria, sofrem a pressão de Espíritos presos ao imediatismo terrestre. Experimentam o que chamaríamos adensamento do corpo espiritual , o perispírito, que os leva a viver como se fossem seres humanos, experimentando as mesmas necessidades , relacionadas com alimentação , abrigo, sexo , vícios ...
 
 
Seu contato conosco lembra a simbiose que se estabelece quando determinada planta entranha-se numa árvore , valendo-se de seus elementos nutritivos.
Raras pessoas escapam a essa ligação, que obedece às tendências de cada um , estabelecendo sintonia.
Geralmente, não querem nos prejudicar.
A expressão mais correta seria explorar.
Exploram nosso psiquismo , servem-se dos fluidos densos que lhes possamos oferecer.
Essa pressão nos perturba, porquanto colhemos seus pensamentos desajustados, suas ansiedades e inquietações. E nos exaure psiquicamente, já que agem como autênticas sanguessugas espirituais.
A partir daí, sentimo-nos enfraquecidos, com males renitentes que resistem a todos os tratamentos.
Há, ainda, o grave problema dos viciados do Além. Estes nos induzem ao fumo, ao álcool, às drogas, a fim de que, em associação psíquica, experimentem a satisfação desejada.
É como um transe mediúnico às avessas. Ao invés do médium captar suas impressões, eles captam as sensações do “médium”.
***
Jesus teve freqüentes contatos com esses Espíritos , chamados, por seus contemporâneos , imundos , impuros , maus, demoníacos…
Sempre os afastava. E antecipava o conhecimento espírita a respeito do assunto , dizendo, textualmente:
Quando o Espírito impuro tem saído dum homem , anda por lugares áridos , procurando repouso ; não o encontrando, diz: “Voltarei para minha casa , donde saí.”
E, ao chegar , acha-a desocupada , varrida e adornada.
Então, ele vai e leva consigo mais sete Espíritos piores do que ele , e ali entram e habitam.
O último estado daquele homem fica sendo pior que o primeiro.
Jesus situa a mente humana como uma residência, habitada pelos pensamentos.
Sua organização e disposição interna dependem do proprietário – a vontade.
  • Casa escura.
Idéias negativas:
– Ninguém me ama!
– Nada dá certo em minha vida!
– Quero morrer!
  • Casa mal-arrumada.
Indisposição para concentrar-se:
– Não estou entendendo nada…
– Odeio ler!
– A palestra dá-me sono.
  • Casa vazia.
Ausência de ideais:
– Tenho alergia pela palavra ajudar!
– Cada um por si e Deus por todos!
– Quero mais é gozar a vida!
  • Casa arejada.
Exercício de compreensão:
– Não há o que perdoar.
– Conte comigo!
– Tudo bem! Conversando a gente se entende.
  • Casa arrumada.
Pensamentos positivos:
– Tristeza não paga dívida!
– No fim sempre dá certo!
– Estou feliz com seu sucesso!
  • Casa iluminada.
Presença da oração:
– Senhor, seja feita a Tua vontade…
– Não me deixes cair em tentação…
– Livra-me do mal…
Poderíamos efetuar várias outras comparações, situando uma casa mental bonita ou feia , grande ou pequena , luminosa ou trevosa, fechada ou aberta , de conformidade com nossos pensamentos e as tendências que cultivamos.
***
Por que os Espíritos entram em nossa casa mental e ali se aboletam, a nos explorar e influenciar?
Podemos responder com aquela velha brincadeira:
– Por que o cachorro entra na igreja?
– Porque a porta está aberta.
Assim acontece em relação aos Espíritos que nos influenciam.
Aproximam-se, envolvem-nos, entram em nossa casa mental, porque está aberta , porque não temos defesas espirituais.
Falta-nos a disciplina mental , fruto da reflexão , do estudo , da meditação e, sobretudo, um roteiro de vida voltado para a vivência dos princípios religiosos.
No Centro Espírita, o obsidiado submete-se ao tratamento espiritual e recebe ajuda dos benfeitores , o que favorece o afastamento das entidades perturbadoras.
Todavia , não basta afastar o malfeitor. É preciso que aprendamos a nos defender, porquanto pode ser que ele resolva voltar e venha acompanhado de outros iguais a ele ou piores , produzindo estrago maior.
 
 
É a esse tipo de problema que Jesus se refere ao advertir quanto à recaída, nos processos obsessivos.
***
A solução é tão óbvia quando a questão do cachorro que entra na igreja.
Para que o Espírito não torne a invadir nossa casa mental é preciso fechar a porta, mudando a postura diante da Vida.
Sempre oportuno reiterar que Espíritos perturbadores só conseguem nos envolver a partir de nossas cogitações íntimas.
Na questão 469, de O Livro dos Espíritos , Kardec pergunta aos mentores espirituais como podemos neutralizar essa influência.
A resposta é bastante elucidativa:
Praticando o Bem e pondo em Deus a nossa confiança…
Quem cumpre essa orientação jamais resvala para o desânimo, a tristeza, a angústia, o medo, portas que se abrem à ação das sombras.
Consideremos, entretanto , que não se trata de um comportamento para determinadas situações, mas de uma atitude perante a Vida.
É preciso um empenho permanente, no sentido de instalarmos, em definitivo, em nossa casa mental, as defesas evangélicas, a fim de que jamais seja invadida por desocupados, viciados ou malfeitores do Além.
(in Informativo "Notícias do Movimento Espírita", Ismael Gobbo)