Comemora-se no dia 12 de outbro o "Dia da criança".
O Evangelho (Marcos 10:13 a 16) nos
diz:
"Apresentaram a Jesus então umas
criancinhas, a fim de que Ele as tocasse. E como seus discípulos repelissem com
palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso repreendeu-os
e lhes disse: Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais; pois o reino dos
Céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade, que todo
aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará. E
tendo-as abraçado, abençoou-as impondo-lhes as mãos."
E o Consolador prometido (Jo 14:26) nos esclarece:
A pureza do coração é inseparável
da simplicidade e da humildade. Ela exclui todo pensamento egoísta e orgulhoso.
É por isso que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como a tinha
tomado para o da humildade.
Esta comparação poderia parecer
injusta, se considerássemos que o Espírito da criança pode ser muito antigo e
que traz ao renascer, para a vida corporal, as imperfeições das quais não se
libertou nas existências anteriores. Somente um Espírito que tivesse atingido a
perfeição poderia nos dar o modelo da verdadeira pureza. Mas ela é exata do ponto de vista da vida
presente, pois a criança, não podendo ainda manifestar nenhuma tendência
perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura. Além do que, Jesus não
diz de uma maneira categórica e absoluta que o reino de Deus é para elas, mas
sim para aqueles que se lhes assemelham.
Uma vez que o Espírito da criança
já viveu outras encarnações, por que não se mostra, desde o nascimento, tal como
é? Tudo é sabedoria na obra de Deus. A criança tem necessidade de
cuidados delicados que somente a ternura maternal pode lhe dar, e essa
ternura se torna mais necessária diante da fraqueza e da ingenuidade
da criança. Para uma mãe, seu filho é
sempre um anjo, e é preciso que seja assim para cativar sua solicitude. Ela não
teria o mesmo devotamento se, no lugar da graça ingênua, sentisse, sob traços
infantis, um caráter viril e as idéias de um adulto, e muito menos se conhecesse
o seu passado.
Aliás, é preciso que a atividade do
princípio inteligente seja proporcional à fraqueza do corpo, que não poderia
resistir a uma atividade muito grande do Espírito, assim como vemos nas crianças
precoces.
É por isso que, na proximidade da
encarnação, o Espírito, entrando em perturbação, perde pouco a pouco a
consciência de si mesmo, ficando, durante um certo período, numa espécie de
sono, durante o qual todas as suas capacidades permanecem adormecidas. Esse
estado transitório é necessário para dar ao Espírito um novo ponto de partida e fazê-lo esquecer, em sua
nova existência terrena, as coisas que pudessem atrapalhá-lo. Entretanto, seu
passado reage sobre ele e, desse modo, renasce para uma vida maior, mais forte
moral e intelectualmente, sustentado e acompanhado pela intuição que conserva da
experiência adquirida.
A partir do nascimento, suas idéias
retomam gradualmente seu impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos. Daí
pode-se dizer que, durante os primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente
criança, pois as idéias que formam a qualidade de seu caráter ainda estão
adormecidas.
Durante esse tempo em que seus instintos
dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais acessível às impressões
que podem modificar sua natureza e fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a
tarefa dos pais.
O Espírito veste, pois, por um
tempo, a roupagem da inocência, e Jesus sabe dessa verdade quando, apesar da
anterioridade da alma, toma a criança como símbolo da pureza e da
simplicidade.
Pensemos nisso.
Abraços.
(por Navarro, in informativo "Notícias do Movimento Espírita" de Ismael Gobbo)
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