"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


segunda-feira, 14 de março de 2011

Diante das tragédias coletivas...

Queridos amigos e leitores do Blog, mais uma vez estamos diante de novas provações por meio de tragédias coletivas que assolam nosso querido Planeta.

Na madrugada da última sexta-feira (11 de março) pudemos acompanhar pelas câmeras de TV o acontecimento de mais uma catástrofe, depois das chuvas que devastaram o Estado do Rio de Janeiro: terromoto, tsuname e até um acidente nuclear no Japão. Ainda pela manhã de hoje (segunda-feira, 14 de março) foi possível conferir os resultados arrasadores da chuva que cai no Sul do Brasil. Um caos total, que nos choca com as imagens devastadoras da "fúria" da Natureza.

O que pensar diante dessas situações de verdadeiro horror? Como agir? Como colaborar? O que fazer diante do sofrimento dos nossos irmãos?

Em artigo publicado originalmente na coluna dominical "Chico Xavier pede licença", do jornal "Diário de São Paulo", na década de 1970, ao se pronunciar sobre o incêncio do edifício Joelma, J. Herculano Pires (Irmão Saulo) nos esclarece que "as provas coletivas, profundamente dolorosas, constituem enigma insolúvel para os que creem em Deus mas não conhecem os princípios da sua Justiça Divina". E acrescenta que, "diante de tragédia absurda, o coração vacila e muitas vezes a fé desmorona", pois, "como pode Deus castigar assim as criaturas humanas ou até mesmo permitir ocorrências dessa espécie? Não há argumentos que possam acalmar a revolta dos que perderam entes queridos"...

(Rio de Janeito - janeiro/2011)
Porém, conforme elucida o amigo de ideal espírita no citado artigo, que "cada criatura humana se define como personalidade pela sua consciência" e, "conscientes do que somos e do que fazemos, somos naturalmente responsáveis pelos nossos atos", sendo que "essa responsabilidade se acentua quando o espírito, livre da ilusão da matéria, se defronta com a realidade no mundo espiritual""é então que pede para voltar à Terra numa reencarnação de provas redentoras, submetendo-se aos mesmos suplícios que infligiu a outros em vidas anteriores".

É dessa forma que o egoísmo, a ganância, a sede desmedida de poder e a arrogância dos homens "nos levaram a muitos desvarios por mares e terras do Planeta. Agora, numa fase decisiva da evolução terrena, muitos espíritos anseiam por aliviar sua consciência dos crimes do passado, preparando-se, assim, para experiências mais altas no mundo melhor que vai nascer".

(Japão - março de 2011)
Portanto, ante às tragédias coletivas, nós que diretamente não somos atingidos por esses terríveis acontecimentos, temos o dever, num ato de solidariedade e caridade para com os nossos irmãos em Cristo, exercitando a máxima do Mestre "amareis o vosso próximo como a vós mesmos", de rogar à Proteção e ao Amparo Divinos o amparo e o conforto de todos os que nestes acontecimentos estejam envolvidos. Até mesmo porque, indiretamente, essas situações constituem verdadeiras provas a nós outros cujo exercício nos garante a prática do perdão, do amor e da caridade para com o nosso semelhante.

É assim, enfim, que somos convocados a participar desse momento com nossas preces, faznedo preces para todos os envolvidos, orando pelos encarnados que foram reduzidos a zero e ainda perderam seus entes queridos e familiares, aos desencarnados que deixaram a veste carnal de forma tão trágica e dolorosa, bem como pelos Irmãos da Espiritualidade que s encontram no comando do socorro a toda essa gente e ainda aos dirigentes de nações para que possam ser tocados também pelo sentimento de solidariedade.

(Paraná - março de 2011)
E foi dessa maneira que um grupo se reuniu em prece na cidade de São Paulo, na noite do dia 1 de fevereiro de 1974, para pedir pelas vítimas do incêndio do Edifício Joelma, quando o querido benfeitor espiritual Emmanuel  lhes enviou uma prece para confortar qualquer coração amigo atingido pela provação da tragédia coletiva e que hoje, no momento em que estamos vivendo, deve ser proferida por todos nós em expressão do nosso amor ao nosso próximo:
Senhor Jesus,

Auxilia-nos, perante os companheiros impelidos à desencarnação violenta, por força das provas redentoras.

Sabemos que nós mesmos, antes do berço terrestre, suplicamos das leis divinas as medidas que nos atendam às exigências do refazimento espiritual.

Entretanto, Senhor, tão encharcados de lágrimas se nos revelam, por vezes, os caminhos do mundo, que nada mais conseguimos realizar, nesses instantes, senão pedir-te socorro para atravessá-los de ânimo firme.

Resguarda em tua assistência compassiva todos os nossos irmãos surpreendidos pela morte, em plena floração de trabalho e de esperança, e acende-lhes nos corações aturdidos de espanto e retalhados de sofrimento, a luz divina da imortalidade oculta neles próprios, a fim de que a mente se lhes distancie do quadro de agonia ou desespero, transferindo-se para a visão da vida imperecível.

Não ignoramos que colocas o lenitivo da misericórdia sobre todos os processos da justiça, mas tocados pela dor dos corações que ficam na Terra – tantos deles tateando a lousa ou investigando o silêncio, entre o pranto e o vazio –, aqui estamos a rogar-te alívio e proteção para cada um!

Dá-lhes a saber, em qualquer recanto de fé ou pensamento a que se acolham, que é preciso nos levantemos de nossas próprias inquietações e perplexidades, a cada dia, para continuar e recomeçar, sustentar e valorizar as lutas de nossa evolução e aperfeiçoamento, no uso da vida maior que a todos nos aguarda, nos planos da união sem adeus.

E, enquanto o buril da provação esculpe na pedra de nossas dificuldades, conquanto as nossas lágrimas, novas formas de equilíbrio e rearmonização, embelezamento e progresso, engrandece em teu amor aqueles que entrelaçam providências no amparo aos companheiros ilhados na angústia. Agradecemos, ainda, a compreensão e a bondade que nos concedes em todos os irmãos nossos que estendem os braços, cooperando na extinção das chamas da morte; que oferecem o próprio sangue aos que desfalecem de exaustão; que umedecem com o bálsamo do leite e da água pura os lábios e as gargantas ressequidas que emergem do tumulto de cinza e sombra; que socorrem os feridos e mutilados para que se restaurem; e os que pronunciam palavras de entendimento e paz, amor e esperança, extinguindo a violência no nascedouro!

Senhor Jesus!

Confiamos em ti e, ao entregarmo-nos em Tuas mãos, ensina-nos a reconhecer que fazes o melhor ou permites se faça constantemente o melhor em nós e por nós, hoje e sempre.

Emmanuel

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