"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Depois do suicídio...

Resumo adaptado do livro "Memórias de um suicida", de Ivone A. Pereira (FEB), pela Professora Cleunice Orlandi de Lima.


"944. O homem tem o direito de dispor da sua própria vida?
- Não; só Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa Lei." ("O Livro dos Espíritos", Allan Kardec).

"O homem não tem jamais o direito de dispor da própria vida, porque só a Deus cabe tirá-lo do cativeiro terrestre, quando o julga oportuno. Todavia, a justiça divina pode abrandar os seus rigores em favor das circunstâncias, mas reserva toda a sua severidade para aquele que quis se subtrair às provas da vida. O suicida é como o prisioneiro que se evade da prisão, antes de expirar a sua pena, e que, quando é recapturado é mantido mais severamente. Assim ocorre com o suicida, que crê escapar às misérias presentes, e mergulha em infelicidades maiores." ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", Allan Kardec, Cap. V).


"Tudo o que está escrito aqui
pode ser mentira. Mas... E se for verdade?

Na dúvida, é melhor não arriscar;
é melhor não ir
verificar pessoalmente."

(Camilo Castelo Branco)

 
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (Camilo Castelo Branco) nasceu em Lisboa, Portugal, em 16 de março de 1825 e matou-se em São Miguel de Seide, aos 65 anos de idade.
Obsediado, pessimista, dono de grande inteligência e cultura, um dos maiores escritores portugueses, foi cometido por uma doença nos olhos que, aos poucos, o levou à cegueira completa. Consultou vários médicos e, no dia 10 de junho de 1890, foi consultado em sua própria residência, por renomado especialista. Sem poder arrancar do médico a verdade sobre a doença, Camilo ficou à escuta enquanto o oculista dava sua opinião à esposa dele, Ana Plácido.
Foi aí que o escritor soube que sua cegueira tratava-se de caso perdido. Voltou ao quarto e deu um tiro no ouvido.
A idéia de suicídio perseguia Camilo fazia tempo e prova disso é a carta que deixou, datata de três anos antes do ato suicida, cujo trecho abaixo transcrevemos:

        "26 de novembro de 1889
        Meus padecimentos estão se complicando e levando-me ao suicídio. Esta vontade de me matar vem de longe. E acredito que, no momento supremo, não terei a firmeza suficiente para escrever estas linhas. Escrevo-as hoje, antecipando-me à hora final.
       Minha vida foi muito infeliz e, quem me conhece não deve chorar minha morte. Quando se ler este papel, já estarei gozando das primeiras horas de repouso. Não deixo nada. Deixo um exemplo. Seja bom e virtuoso, quem o puder ser.

Camilo Castelo Branco."


Mas, longe de encontrar o repouso que a si mesmo prometera, o escritor encontrou remorsos, sofrimentos, dores, visões aterradoras, um cenário infernal, sem o mínimo descanso, como ele próprio nos relatou nas linhas que se seguirão abaixo.


"É bem possível que haja quem duvide da verdade que vai escrita nestas páginas. Dirão que é fantasia. Não os convidarei a crer. Não é assunto que se imponha à crença. Mas se sabem raciocinar, que o façam!

Eu os convido desejando, ardentemente, que não queiram conhecer essa realidade através dos canais do suicídio - canais cheios de trevas aos quais me impus eu mesmo..."

Camilo Castelo Branco

Introdução

"Quem se atira ao suicídio espera livrar-se dos sofrimentos considerados insuportáveis...

"Também eu pensei assim.

"Enganei-me, porém - e sofrimentos milhões de vezes maiores me esperavam dentro do túmulo onde me escondi, pensando escapar às dores do corpo físico.

"As primeiras horas depois do meu suicídio foram passadas como se eu estivesse dormindo. Meu espírito ficou como que desmaiado. Não ouvia, não sentia coisa alguma a não ser a sensação da morte que acabara de buscar. Era como se aquele tiro maldito - que até hoje ainda ouço - tivesse esparramado cada uma das células que compunham meu corpo.

"A linguagem humana ainda não inventou palavras que possam contar as impressões que sente o suicida, logo depois do desastre que ele cometeu. Para entender tudo o que se passa, só outro espírito que houvesse cometido a mesma loucura!

"Nessas primeiras horas - que se fossem só elas, já seriam um inferno grande demais para qualquer um - sente-se dolorosamente machucado, nulo, arrebentado em cada uma das moléculas. Perde-se no vácuo... e apesar disso, sente-se medo, acovarda-se, sente-se a profundidade apavorante do erro cometido, na certeza de se haver ultrapassado os limites permitidos.

"Pouco a pouco, fui me sentindo acordar.

"Sentia frio, muito frio. Tremia. Tinha a impressão de que minhas roupas eram de gelo e estivessem grudadas na minha pele. Faltava-me o ar. Sentia um mau cheiro muito grande, tão grande, que me causava náuseas. Sentia uma dor muito aguada na cabeça, partindo do ouvido direito. Levei a mão ao local da dor e percebi o sangue escorrendo do buraco feito pela bala do revólver que usei para o suicídio. O sangue manchou-me as mãos, a roupa, o corpo.

"E eu nada enxergava...

"Devo esclarecer que o motivo que me levou ao suicídio foi a revolta de haver ficado cego.

"Pensei que o sofrimento da cegueira fosse grande demais. Como eu estava enganado!

"E, ao acordar na morte, continuava cego! Além de cego, agora estava ferido. Mas eu pensava estar apenas machucado - e não morto! Sim, a vida continuava em mim, como antes do suicídio!

"Sentindo-me vivo, imaginei que o tiro não havia sido suficiente para me matar. Acreditei estar num hospital ou em minha casa, mas, nada conseguindo ver, era impossível reconhecer o lugar.

"As dores, a incerteza sobre onde estava e a solidão começaram a me angustiar. Chamei por meus familiares, por amigos - mas o silêncio continuava em torno de mim.

"Cheio de mau humor gritei por enfermeiros, por médicos que, certamente, estariam por perto.

"Bradei por qualquer pessoa que viesse abrir as janelas do aposento em que me achava. Eu precisava de ar puro, de cobertores quentes que afastassem aquele frio intenso. Queria que fizessem um curativo na ferida do ouvido; que trouxessem alimento e água, pois tinha fome, sentia sede!

"Mas o que ouvi, horas depois, foi um vozerio que começou ao longe e foi se fazendo mais claro, mais próximo. Era um coro sinistro de vozes confusas e desnorteadas, como uma assembléia de loucos. Estas vozes não falavam entre si, não conversavam. Blasfemavam, queixavam-se, lamentavam, uivavam, gritavam, choravam um pranto de horror, suplicavam socorro e piedade.

"Aterrado, sentia-me ligado, não sei de que forma, àquelas pessoas que gritavam. Aquelas vozes infundiam-me tão grave pavor, que tentei levantar-me, querendo afastar-me, para não ouvi-las.

"Mas não conseguia! Parecia possuir raízes que me prendiam no lugar, não podia soltar-me! Aliás, mesmo que o pudesse, como sair dali, se estava a esvair-me em sangue? Como andar, se estava cego, em lugar que não sabia qual era?

"Cheio de covardia, pus-me a chorar e, quando chorava, aquele som de loucos parecia fazer estranho coro comigo, como se tivéssemos algo em comum.

"Depois de grandes esforços, consegui me levantar. O corpo estava frio, os músculos retesados, sentia o corpo inteiro formigando. Quando fiquei em pé, o cheiro repugnante de sangue e carne podres fizeram-se tão fortes, que senti náuseas. O mau cheiro partia do ponto em que estivera deitado. Não entendia como poderia cheirar tão mal, a cama em que achava. E o sangue continuava a correr, manchando minhas roupas; eu estava inteiro coberto por este sangue empastado que não parava de sair do ferimento que eu mesmo fizera.

"Com surpresa, percebi estar vestido com minhas melhores roupas como se fosse a uma festa, apesar de preso a um leito de dor. E não entendia como, de um machucado até pequeno, pudesse sair tanto sangue - e porque não havia ali perto alguém para fazer curativos e trocar os panos.

"Inquieto, vaguei pela escuridão procurando a saída. Tropecei num monte de destroços e me abaixei para examinar, com as mãos, que coisas eram aquelas que estavam à minha frente.

"Então, ah, Deus! Descobri que o montão de destroços era nada menos que a terra de uma sepultura, recentemente fechada!

"Não sei como, se estava cego, pude ver, no meio da escuridão, o que existia em volta. Eu estava num cemitério!

"A loucura se apoderou de mim. Comecei a gritar, a uivar como um demônio - e agora era eu quem fazia coro àquelas vozes malditas que não se calavam e pareciam se aproximar mais.

"O que fazia eu num cemitério? Como teria ido parar ali ferido, sozinho, fraco e doente? Era verdade que eu tentara me suicidar, mas não havia conseguido. Eu dei o tiro, mas estava vivo... Eu quisera morrer, mas... E, devagar, a consciência me falou coisas que eu não queria pensar:

'Não quiseste o suicídio? Pois aí o tens...'

"Como assim? Eu não havia conseguido morrer. Acaso não estava ali, vivo e andando?

"No entanto, nem havia acabado de fazer estas perguntas, quando me vi a mim próprio! Vi-me como em frente a um espelho: morto, estendido num caixão, já com as carnes apodrecendo no fundo de uma sepultura - justamente aquela sepultura sobre a qual acabara de tropeçar!

"Fugi dali, desejando me esconder de mim mesmo, cheio de horror!

"E, como louco que agora estava, eu corria tendo sempre à minha frente o corpo apodrecendo, coberto por lesmas nojentas que brigavam entre si, para devorar o corpo que era eu mesmo!

"Ah, que vontade de morrer! Que vontade de morrer de verdade, pois, mesmo querendo me matar, continuava vivo como antes - ou mais vivo ainda!

"Na fuga desesperada, cheguei à cidade; fui entrando nas portas que encontrava abertas, a fim de me esconder. Vaguei pelas ruas tropeçando, caindo, escorando nas paredes, sofrendo sozinho na mesma cidade onde sempre fui respeitado, onde meu nome era endeusado como um gênio.

"Consegui chegar à minha casa. Ali, percebi grande desordem. Meus objetos de uso pessoal, meus livros, meus apontamentos, nada encontrei nos lugares de costume. Senti-me estranho dentro da minha própria casa! Nem amigos, nem aprentes me diziam uma única palavra de conforto.

"Dirigi-me a consultórios médicos, tentei ser recolhido a um hospital, pois sentia febre, dor e amargura. Em vão eu me apresentava; ninguém dava importância quando eu dizia meu nome, quando eu dizia quem era, o que havia feito, meus títulos, minhas qualidades pessoais - orgulho tolo, pois ninguém me ouvia, ninguém me olhava, ninguém me via pelo menos!

"Aflito e sentindo muitas dores, não encontrava alívio em parte alguma. E o meu corpo morto me atraía para o túmulo onde se encontrava, como se um ímã poderoso me puxasse com força.

"Era muito grande a atração exercida pelo meu próprio cadáver e, não encontrando lugar algum onde pudesse ao menos descansar, acabei voltando ao local de onde viera: o cemitério...

"Debrucei-me soluçando sobre a sepultura que guardava meus miseráveis restos, sentindo uma fúria diabólica, compreendendo que me suicidara, que estava sepultado mas que, apesar disso, continuava vivo e sofrendo mais, muito mais que antes.

"Durante meses, vaguei sem rumo. Ligado à carne que apodrecia, não podia afastar-me dali. Mesmo cego, vi fantasmas perambulando pelo cemitério e, como eu, estavam chorosos e aflitos.

"Numa das vezes em que ía e vinha tropeçando pelas ruas, ao dobrar uma esquina, deparei-me com certa multidão - uma porção de individualidades, entre homens e mulheres. Era noite - ou pelo menos eu achava que era, pois estava sempre envolvido pela escuridão da cegueira. Essa multidão era a mesma que vinha me aterrando com seus lamentos, desde que acordei na morte.

"Tentei recuar, fugir, esconder-me; porém, logo me vi envolvido por aquelas pessoas que uivavam desesperadamente. Fui levado de roldão, puxado, empurrado, arrastado; e era tal a aglomeração, que me perdi dentro dela. Aquele bando de dementes era conduzido por soldados - que agora, conduziam a mim também. A cada momento juntava-se à multidão outro vagabundo, como acontecera comigo que, mesmo querendo, não podia mais se afastar da turba barulhenta.

"Pensei que estivéssemos sendo levados à prisão. Protestei. Em altas vozes, bradei que não era um criminoso; falei meu nome, enumerei meus títulos e qualidades - mas os guardas, se me ouviam, nem tiveram o trabalho de responder.

"A caminhada foi longa. O frio era cortante e enregelava a todos. Misturei minhas lágrimas e meus lamentos ao coro de vozes horripilantes, participando também eu, da triste sinfonia de dor.

"Caminhamos muito, muito e, finalmente, começamos a entrar por um vale profundo.

"Cavernas surgiram de um lado e de outro, numa espécie de ruas que eram estreitas passagens entre montanhas. Não se via terra no chão; tudo eram pedras, lamaçais, pântanos e sombras. E descíamos mais por aqueles abismos. Por fim, os soldados fizeram alto e, como eles, estacamos.

"Ficamos em silêncio até percebermos que a soldadesca se retirava. Eles se afastavam, abandonando-nos ali! Sem sabermos o que significava aquilo, corremos atrás deles, querendo nos retirar também. Mas, em vão! Os pântanos, as cavernas, as ruelas eram tantas, que nos perderíamos, pois, para qualquer lado onde olhássemos, para onde nos dirigíssemos, o cenário era sempre o mesmo.

"Estranho terror se apossou de todos nós."

Os condenados

"Meus companheiros eram pavorosos. Feios, magros, desalinhados, irreconhecíveis até pelos que amaram na Terra. Era uma assembléia imensa de criaturas disformes; homens e mulheres cujo único traço comum era a alucinação. Todos trajavam roupas empastadas do lodo das sepulturas, trazendo a fisionomia alterada pelo sofrimento. Imaginai uma localidade, uma povoação envolvida eternamente por densa penumbra gelada, onde se aglomerassem tétricos fantasmas suicidas, erguidos do túmulo! Pois eram assim as criaturas que eu tinha por companheiros - e também eu, já esquecido do meu orgulho, pertencia a tão repugnante massa; também eu era um feio, um alucinado, um pastoso como os demais!

"Eu via - não sei como, pois estava cego, mas eu conseguia ver e este era um castigo, pois, se não visse absolutamente nada, os sofrimentos seriam menores, por não saber o que se passava ao lado.

"Eu via, aqui e ali, os companheiros repetindo o gesto suicida! As ânsias do enforcamento, os gestos desesperados por livrar o pescoço arroxeado dos farrapos de cordas ou tiras de panos!

"Via outros, como loucos, em correrias espantosas pedindo socorro em gritos alucinados, julgando-se, de momento a momento, envolvidos pela chama que lhes devorava o corpo e que, desde então, queimava sem parar. Estes que se mataram através do fogo eram, geralmente, mulheres.

"Eis que via outros ainda com o peito, o ouvido ou a garganta banhados em sangue. Ah! Sangue inalterável, permanente, que nada conseguia estancar!

"Havia aqueles outros sufocando-se na bárbara asfixia do afogamento. Eles se mantinham como na hora do suicídio, engolindo água aos gorgolejos, prolongando sem parar a sua agonia!

"E havia ainda mais! O leitor que me perdoe estes detalhes talvez desinteressantes ao seu bom gosto literário - mas úteis, com certeza, servindo de advertência às pessoas condenadas a viver neste século em que o suicídio se tornou quase epidemia. Não pretendo, aliás, apresentar obra para deleitar temperamentos artísticos. Cumpro o sagrado dever de falar aos que sofrem e pensam, talvez, em procurar descanso no suicídio... Cumpro o dever de falar a verdade sobre o que espera cada um dos ingênuos que procuram se desviar dos sofrimentos pela porta da morte espontânea.

"Como eu dizia, havia mais ainda. Destacavam-se pela fealdade impressionante aqueles que haviam procurado o "descanso eterno" embaixo das rodas de um trem. Estes eram desfigurados, moídos, verdadeira massa de sangue, roupas em trapos, carnes retalhadas num emaranhado de golpe sobre golpe, como se tivessem sido fotografados no momento exato em que as rodas de ferro lhes estivessem moendo as carnes, os ossos, as víceras. Enlouquecidos pela dor, estes desgraçados uivavam de maneira tão dramática, que contagiavam quem estivesse em seu caminho.

"E, coisa incrível! Cada um de nós recordando, sem poder esquecer, as cenas pavorosas do momento em que nos matamos; criávamos as cenas dos nossos últimos momentos na Terra. E as cenas criadas por cada um eram vistas por todos os outros, espalhando o horror por toda a parte.

"Assim, víamos aqui e ali, os suicidas balançando em suas cordas; víamos, no outro lado, trens rápidos e barulhentos colhendo o infeliz que se atirava sob as suas rodas: as carnes sendo rasgadas e trituradas; os gritos tresloucados de dor, espanto e arrependimento tardio.

"Com a mente sempre voltada ao momento sinistro, cada um de nós oferecia aos olhos dos demais outras cenas: daquele que, lembrando o suicídio por afogamento, mostrava-se à procura de ar, numa massa imensa de água! Homens e mulheres correndo desesperados - uns ensanguentados, outros torcendo-se em meio às dores do envenenamento, deixando à mostra as carnes corroídas pela droga ingerida. Outros a gritarem, em correrias desabaladas, faziam aumentar o pânico do lugar - eram os incendiados que, como eternas bolas de fogo, passavam espalhando chamas e fumaça, fazendo os companheiros recuarem com medo de que pudessem queimar-se ao seu contato.

"Era a loucura coletiva! E, para coroar todos os sofrimentos, havia as penas morais. Ah, estas! Os remorsos, as saudades dos seres amados, a vergonha!"

O Vale dos Suicidas

"E ali me vi preso em região do Mundo Invisível, lugar de sofrimentos, lugar de sombras e vales profundos, gargantas tortuosas, cavernas sinistras. Dentro destas cavernas, espíritos que foram homens uivavam feito demônios enfurecidos, devido ao grande sofrimento que os martirizava.

"Neste local de aflições não havia um único arvoredo, nem bela paisagem que pudesse distrair a vista torturada. A visão era cansativa pelas ruelas e cavernas onde só existia o supremo Horror!

"E o chão, coberto por visgo negro era imundo, pastoso, escorregadio. O ar era asfixiante, gelado, escurecido por nevoeiro ameaçador, como se tempestades eternas rugissem em torno; todos nós sufocávamos ao respirar, como se o ar cheios de matérias nocivas nos invadissem as vias respiratórias. Era um martírio, um suplício que o cérebro humano, habituado às claridades do sol, jamais poderá entender.

"Nunca o ar fresco da madrugada! Nem uma faixa azul do céu para ser contemplada! Nem a claridade do sol! Nem bandos de andorinhas, nem o piscar das estrelas! Nunca a primavera! Não havia ali, nem haverá jamais, nem paz, nem consolo, nem esperança; tudo é marcado pela desgraça, miséria, assombro, desespero, pavor! É a dor que nada consola, a desgraça que nada ameniza, a tragédia sem tranquilidade, sem poder dormir, sem sonho, sem esperança! Não há céu, não há sol, não há luz, não há perfume, não há tréguas!

"O que há é o choro convulsivo e inconsolável dos condenados! O que há é o assombroso ranger de dentes, daquela sábia advertência de Jesus! O que há é a blasfêmia do miserável arrependido a se acusar de cada uma das dolorosas recordações. Há a loucura das consciências chicoteadas pelo remorso! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, cansado do excesso de lágrimas! O que há ;e o desapontamento, a surpresa de quem se sente vivo, apesar de haver se matado! É a revolta, a praga, o insulto, os corações que o monstruoso castigo transformou em feras! O que há é a alma ofendida, tudo envolvido em trevas! É o inferno, na mais horrenda exposição, porque, além de tudo, existem cenas de animalidade, prática dos mais baixos instintos, as quais me envergonharia de contar aos meus irmãos, os homens da Terra!

"Quem estaciona ali, como eu estacionei, são grandes personalidades do crime. É a escória do mundo espiritual - apenas grupos de suicidas que chegam todos os dias vindos da Espanha, Brasil, Portugal e colônias portuguesas da África, infelizes necessitados do auxílio da prece. São os levianos, os irresponsáveis que, fartos da vida, aventuram-se ao Desconhecido, à procura de esquecimento e alívio, através do suicídio! E eu fiz parte da sinistra multidão aprisionada nesse local pavoroso cuja lembrança, até hoje, faz-me sentir repugnância.

"É bem possível que haja quem duvide da verdade que vai escrita nestas páginas. Dirão que é fantasia. Não os convidarei a crer. Não é assunto que se imponha à crença. Mas, se sabem reciocinar, que o façam! Eu os convido, desejando ardentemente, que não queiram conhecer essa realidade através dos canais do suicídio - canais cheios de trevas, aos quais me expus, eu mesmo.

"Era eu, pois, presidiário dessa cova detestável do Horror!

"Ainda me sentia cego. Porem, apesar de cego, conseguia perceber o que se apresentasse de mau, feio, sinistro, imoral e obsceno, pois meus olhos conservavam visão suficiente para contemplar toda essa escória. Eu, tendo bastante sensibilidade, sentia-me, talvez, pior que os outros, porque também doía em mim os sofrimentos dos demais companheiros de aflições, desde que tudo o que um sentisse, esparramava-se em cima dos demais.

"Às vezes, aconteciam brigas brutais naqueles becos imundos. Sempre irritados por quaisquer motivos, nos atirávamos uns contra os outros, em lutas violentas. Muitas vezes, eu próprio me atirava como um selvagem contra os agressores e, com eles, rolava na lama em que pisávamos.

"A fome, a sede, o frio intenso, a fadiga, a insônia nos martirizavam, como se ainda estivéssemos em nosso corpo de carne. A promiscuidade vergonhosa de espíritos que foram homens e dos que foram mulheres; tempestades constantes e inundações, a lama, o mau cheiro, as sombras eternas, a ansiedade de nos vermos livres de tantos martírios - assim era o panorama que acompanhava os nossos mais dolorosos padecimentos morais. Envolvidos em tão enlouquecedora situação, não havia quem pudesse atingir um só instante de serenidade para se lembrar de Deus e chamar por Sua Misericórdia! Não se podia orar, porque a oração é um bem, um descanso, uma esperança; e aos desgraçados suicidas, era impossível atingir tão grande benefício - o benefício da prece!

"Não sabíamos quando era dia ou quando era noite, porque as sombras eternas rodeavam as horas em que vivíamos. Perdemos a noção do tempo. Sentíamos como se há séculos nos encontrávamos ali e, o mesmo desânimo que armou a nossa mão para o suicídio nos dava a certeza que ali estávamos para toda a eternidade! O tempo estacionou no momento exato em que fizéramos tombar o nosso corpo. Daí para cá só existiam assombro, confusão, lágrimas ardentes, remorsos!

"Também ignorávamos em que local nos encontrávamos. Às vezes, tentávamos escapar; procurávamos aflitos fugir do local maldito - e saíamos a correr, como loucos furiosos! Dementes, sem consolo, sem paz, sem descanso em parte alguma, em correria sem saber para onde - para depois, sermos atraídos de volta ao mesmo lugar, como se estivéssemos ligados ligados a ímãs gigantes que nos levavam sempre ao ponto de partida, naquela confusão de nuvens sufocantes.

"Outras vezes, vagarosamente entre as sombras, lá íamos, por entre vielas e becos, sem descobrirmos sinais de saída. Cavernas, sempre cavernas, ou trechos encharcados, lagos cheios de lodo, tendo em volta altas muralhas que mais pareciam erguidas em pedra e ferro, como se estivéssemos sepultados vivos nas profundezas de um vulcão. Era um labirinto onde nos perdíamos, sem jamais alcançar o fim! Nossa impressão era que estivéssemos prisioneiros no subsolo, em cárcere cavado embaixo da terra - ou dentro de uma cordilheira cheio de vulcões extintos - se não fosse assim, de onde viriam aqueles poços de lama e lodo, com paredes tão altas?

"Aterrados, nos púnhamos a gritar em coro, furiosamente, como se fôssemos malta de lobos danados; pedíamos que nos retirassem dali, devolvendo-nos a liberdade! Depois, aconteciam as mais violentas manifestações de terror; tudo quanto o leitor possa imaginar, dentro de confusão, de cenas tristes, aterradoras e horrorosas ficaria muito longe daquela verdade por nós vivida naquelas horas criadas pelo nosso próprio pensamento distanciado da Luz e do Amor de Deus.

"E, se não bastasse isso tudo, como se enormes espelhos nos perseguiam, onde víamos sempre aquela cena macabra: o nosso próprio corpo na sepultura, a se decompor sob o ataque dos vermes esfomeados; o trabalho detestável da podridão a seguir seu curso natural de destruição, levando junto nossas carnes, nossas víceras, nosso sangue fétido, nosso corpo inteiro consumido num banquete de milhões de vermes famintos - nosso corpo era devorado devagar, sob nossos olhares esbugalhados pelo terror! O corpo físico, a nossa parte material, era destruída aos poucos enquanto nós, seus donos, continuávamos vivos, sofrendo e sem podermos morrer também!

"Ó, castigo punindo o desgraçado que decidiu insultar a Deus destruindo, antes da hora, o que só a Ele cabe realizar! Nós estávamos vivos ainda, diante do corpo morto e apodrecido... E doíam em nós, as picadas monstruosas dos vermes! Ficávamos enfurecidos feito loucos, sentindo em nós mesmos, o que se passava em nosso corpo morto no túmulo!

"E os nossos gritos se reproduziam em ecos ao longo de todo o vale o tempo todo, o tempo todo... Pensávamos estar diante do tribunal do Inferno! Sim, aqueles mesmos obsessores que alimentaram em nós as sugestões do suicídio agora se divertiam com as nossas angústias, fazendo-nos acreditar que eles eram os juízes que iam nos julgar e castigar. Apresentavam-se como seres fantásticos, fantasmas impressionantes, inventando cenas satânicas, com as quais nos castigavam. Submetíamos a vexames difíceis de descrever. Obrigavam-nos a torpezas e deboches, fazendo-nos cúmplices de suas infames obscenidades!

"Donzelas que praticaram o suicídio por motivos de amor, esquecendo a mãe inconsolável; desrespeitando os cabelos brancos do pai - estas donzelas eram agora insultadas no coração e no pudor por estas entidades animalizadas que abusavam delas, fazendo-as crer que eram obrigadas a se escravizarem e a servi-los sob todas as formas por serem eles os donos do Império das Trevas que elas escolheram por moradia quando abandonaram o lar pelas portas do suicídio!

"Estes seres satânicos não passavam de espíritos que foram homens também, mas que viveram no crime: sensuais, hipócritas, perjuros, traidores, sedutores, assassinos, perversos, caluniadores, sátiros - e que muitas vezes, na Terra, tiveram funerais pomposos mas que, na vida espiritual, resumem-se na corja repugnante que mencionei...

"Além destas cenas, acontecia-nos que os atos errados que fizemos durante a vida na Terra - nossos crimes, nossas quedas - eram colocados à nossa frente; visão acusadora na condenação pelo que fizemos de incorreto. As vítimas que fizemos enquanto estivéramos vivos reapareciam agora, em lembranças vergonhosas, nos desequilibrando pelo arrependimento.

"Enfim, cada um de nós era um morto-vivo, em toda a extensão da palavra. E este estado de coisas só poderia ser atenuado quando se acabassem as forças vitais de que éramos portadores.

"Os suicidas se demoram no sofrimento o tempo que lhes resta para o final de seu compromisso na Terra: dias, meses, anos..."

O socorro

"Vez ou outra, uma caravana desconhecida visitava nosso buraco de sombras. Era como uma inspeção de alguma associação caridosa. Vinha à procura daqueles que, entre nós, já havia cumprido, no Vale dos Suicidas, o tempo que deveria ser cumprido na Terra; aqueles que já estavam com os fluidos vitais enfraquecidos pela desintegração total do corpo físico. Estes eram removidos para outras regiões intermediárias do Invisível.

"A caravana era composta por Espíritos Superiores. Trajados de branco, caminhavam pelas ruas lamacentas do vale. Um deles levava à mão direita uma bandeira brilhante, onde estava escrito: LEGIÃO DOS SERVOS DE MARIA. Tais servos eram chefiados por um espírito de aparência respeitável, vestido de branco e tendo na cabeça um turbante hindu, preso à frente por uma esmeralda, símbolo dos médicos. Eles entravam nas cavernas habitadas e examinavam seus moradores. Curvavam-se junto da lama, levantando alguns desgraçados tombados. Os que se apresentavam em condições de serem socorridos eram colocados em macas e levados. Uma voz que não sabíamos de onde vinha, guiava os socorristas para este ou aquele lugar onde havia um de nós em condições de ser socorrido.

"As macas eram levadas para dentro de veículos que pareciam pequenas diligências brancas, puxadas por cavalos também brancos, tão belos, que despertariam nossa atenção, caso pudéssemos notar alguma coisa além de nossas desgraças.

"Depois de busca cuidadosa pelo Vale dos Suicidas, os visitantes se retiravam enquanto gritávamos por socorro, sentindo-nos desprezados, sem entender o motivo pelo qual deveríamos permanecer mais tempo naquele sofrimento todo. Suplicávamos justiça e compaixão; ficávamos revoltados, exigindo que nos deixasse seguir com os demais. Os caravaneiros não respondiam, nem faziam qualquer gesto para nos atender.

"Então, o coro hediondo de uivos, os gritos, vibravam dolorosamente pelas ruas lamacentas, parecendo que a loucura coletiva havia atacado os presos miseráveis!

"E assim ficávamos... por quanto tempo? Oh, Deus piedoso! Por quanto tempo ainda?

"Num dia, senti-me tão profundamente cansado pelas torturas, tão fraco, como que desmaiado. Eu e outros em situação idêntica, incapazes de resistir mais tempo aquela tortura, necessitávamos descansar e esta urgência nos obrigou a ficarmos amontoados nas cavernas úmidas e escuras.

"Ali nos achávamos, quando o rumor daquelas carruagens de socorro nos chegou até os ouvidos. Apesar do cansaço que nos invadia, saímos para a rua. As vielas e as praças já estavam superlotadas pelos condenados que, como das outras vezes que éramos visitados por aquela caravana, punham-se a bradar mais alto, procurando despertar a atenção dos socorristas.

"A caravana estacionou na praça imunda. Desceram os enfermeiros e o chefe, iniciando o reconhecimento dos que seriam levados. No ar, aquela voz que não se sabia de onde vinha, chamando os suicidas pelo nome, ou indicando o lugar onde se encontravam os que já haviam cumprido seu tão tenebroso castigo.

"De súbito, ouvi meu nome! Eu seria libertado!

"Entre lágrimas, subi os degraus do veículo indicado. Entrei na carruagem confortável, onde se lia mesmo lema escrito naquela bandeira: LEGIÃO DOS SERVOS DE MARIA.

"Depois, o estranho comboio se pôs a caminhar e me pus a chorar, ouvindo o coro de blasfêmias, a gritaria desesperada dos infelizes que ficavam.

"A cerração cinzenta que contemplei durante tantos anos foi ficando para trás. Deus misericordioso! Eu estava saindo, finalmente, do Vale dos Suicidas!"
***

Mais de vinte anos depois da morte, depois de sofrer no horripilante local onde padeceu as mais negras misérias, passou a mandar mensagens psicografadas para a Terra. Eis alguns trechos:

"Peço aos que me lerem que acreditem no que digo, sem experimentar. O desastre será irremediável se fizerem o mesmo que fiz. Aceitem a vida tal qual como ela é. Aceitem as dores, a cegueira, as deformações, os aleijumes, o desespero, a desgraça, a fome, a desonra, a lama. Tudo, tudo de mau, de injusto, que a Terra possa dar são coisas excelentes em comparação ao que terão, no caminho do suicídio."

***

"Cumpro o dever sagrado de falar tão somente às pessoas que sofrem e pensam em procurar descanso no suicídio...

"Cumpro o dever de falar a verdade sobre o abismo que espera cada um dos ingênuos que procuram se desviar dos sofrimentos terrenos pela porta da morte espontânea.


"Imaginai uma localidade, uma povoação envolvida eternamente por densa penumbra gelada, onde se aglomeram tétricos fantasmas suicidas erguidos do túmulo!

"Pois era assim a multidão de criaturas que eu tinha por companheiros - e também eu, já esquecido do meu orgulho, pertencia a tão repugnante massa; também eu era um feio, um alucinado, um pastoso como os demais!


"Quando, na Terra, alguém se lembrava de orar por nós, imediatamente sua imagem aparecia na tela e ouvíamos a sua voz, pedindo a Deus que nos iluminasse os caminhos, dando-nos calma e paciência para suportarmos os sofrimentos. Muitas vezes, apareciam pessoas que nem sempre foram muito ligadas a nós, mas que rezavam fervorosamente em nosso benefício - enquanto que pessoas, a quem devotamos grande estima, nunca ou raramente apareciam para aliviar as asperezas de nossos infortúnios...


"Coragem, peregrino do pecado! Aprende de uma vez para sempre que és imortal e que não será pelas portas desconhecidas do suicídio que encontrarás o porto da verdadeira felicidade..."


Camilo Castelo Branco.

38 comentários:

  1. Anônimo6/5/11 19:00

    muito me ajudou . pensarei mais

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  2. Anônimo2/3/12 15:28

    cada vez mais aprendo,que a vida é nosso maior bem! Ontem pedermos um rapaz,pelo suicido( enforcamento )mal sabe ele,o quanto doloroso sera, achando q havia acabado com sofrimento. Irei rezar todos os dias por ele,para q tenha um pouco de alento!
    Esta leitura, me fez refletir mais ainda.
    Obrigado!

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  3. Obrigada, eu ando pensando muito em suicídio. To passando por momentos horríveis de agonia e desespero, o único momento de paz é quando durmo... Uma pena não durar para sempre. Sentimentos ruins pesam em mim assim que abro meus olhos. Penso que se morresse, seria melhor para a minha família, eu sou um fardo. Mas sou covarde, tenho medo do que me espera do outro lado. Penso também que esses momentos difíceis pelos quais passo são oportunidades que DEUS me dá de acreditar em Sua presença. Penso que os momentos bons após os ruins são o alívio que Deus me dá após restaurar minha fé. Eu queria ter percebido isso antes, eu queria não ter traçado meu caminho com escolhas erradas... Eu estou tão arrependida. Será que mereço redenção? Será que devo suicidar-me e deixar minha família livre das minhas vergonhas? Eu só queria deitar na minha cama e não me levantar... Eu só levanto por causa das minhas obrigações, eu só levanto porque sei que minha mãe precisa de mim. Não quero morrer, mas preciso de descanso. Preciso ficar sozinha...

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    1. Não, não por favor, não faça isto? Procure Deus onde estiver que encontrarás,pense em sua família, amigos, quanta dor iráo senti portamanha falta de Deus sua vida.vou lhe dizer uma coisa, acabei de perder meu irmão, mais novo que eu, suicidou, quão foi a tristeza de sua família e de seus irmãos, isto faz somente, cinco dias, foi no dia 20 de deste mês, muito triste, vc nem imagina. Depois que li tudo isto, fiquei imaginando o que meu irmão, fez c a vida dele, pense o sofrimento, a angustia que agora deve estar sentindo pelo que fez, mas, não tem volta, arrependimento, nada que possa ser feito, ele terá que esperar, até os últimos anos e dias, para sair deste inferno, que pensou ser o descanso
      Ledo engano. Procure Deus, família, amigos, fale, conte o que está acontecendo, pois assim pode encontrara paz que tanto procura. Mas jamais procure a paz no suicido, pois ela não existe, assim c vc acabou de ler, como sofre. Então meu amigo, põe Deus dentro de vc, que encontrarás a paz que tanto procura.Este e o meu desejo de coração, para outro coração sofrido. Viva a vida, esqueça o mal. Não tire de vc, o que Deus lhe deu de graça. A vida! Abraços.

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    2. perdi meu irmão mais novo 24 anos, no dia 25\02\2017, e aconselho você a não fazer isso, como no texto diz a pessoa não se livra de nada ou contraio é um sofrimento muito maior, as pessoas que ficam sofre demais. procure um tratamento para tudo tem solução, só para a morte que não!!!

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  4. Cara irmã, cerrar os olhos na carne para sempre não irá eliminar os seus problemas que te atormentam... eles continuarão a te perseguir na mesma proporção de agora, porém, com a agravante de ter tirado a própria vida, levando um tempo bem maior para que vc se restabeleça do que levaria se enfrentasse seus problemas no presente. Não cultive a culpa, pois a culpa é porta aberta ao desespero e te fará com que cometa piores desatinos. Lembre-se de que todos nós na face da Terra somos imperfeitos e que ninguém neste mundo tem autoridade moral para te julgar. Todos erramos, seja lá qual foi o seu erro. O que importa é a sua consciência diante dos erros e a vontade livre e consciente de não mais errar e de reparar o mal que tenha, talvez, causado a alguém. Lembre-se das palavras do Mestre ao converter a mulher adúltera: "Vá, segue teu caminho, não olhes para trás e não peques mais!" Eis o que interessa a Deus.

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  5. Gostei muito do texto. Que sirva para todos como um efetivo alerta! Obrigado por postar.

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  6. Eu tbm penso em me matar mais n tenho coragem e lendo isso me faz refletir em n tirar minha vida mais ao mesmo tempo penso em tirar para aliviar minha dor aqui na terra mais sei q estara mim esperando coisas piores do outro lado da vida.

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    1. Flor, o que você sente também já senti. A minha psicóloga explicou que na verdade o que queremos é acabar com a dor. Temos que ter paciência porque com o tratamento certo a dor vai sumir e conseguiremos viver..Por favor procure ajuda..Deus a abençoe..

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  7. e perdi meu irmão gemeo em dezembro de 2012 para o suicidio,
    o texto e muito bom , mas prefiro nao acreditar pois penso que a vida e como fosse uma tv fora da tomada, e outra não quero nem imaginar meu irmao em um lugar desses, pois ele era uma pessoa muito boa e acreditava muito em deus , se existe vida a apos a morte coisa que nao acredito , ele estara em um lugar bom com certeza. abraços

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  8. achei muito triste e ao mesmo tempo lindo...

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  9. Olá me chamo Fabíola,tenho 27 anos e um desejo de morrer ha 20 anos.Desde criança nada pra mim faz sentido, sempre fui triste,amargurada e solitária,meus momentos felizes eram mínimos,e logo volta aquela amargura dentro do peito.
    Já passei muitos conflitos interiores e o maior deles é o amor, quando começo gostar e amar alguém tudo logo é destruído,me dedico,me esforço e tento ser sempre boa verdadeira e prestativa,mas só caio do cavalo.
    Nunca tentei de fato me suicidar mas sempre fiz muitos planos de diversas formas possíveis, ontem cheguei a ponto de concretizar meu suicídio,amarrei uma corda bem firme na viga de dentro da minha sala,testei e não iria falhar,me arrumei como se fosse para um encontro,para morrer bela como sempre acreditei ser,subi numa escada e me coloquei em posição de enforcamento,mas não soltei o peso no corpo e permaneci na escada, sentia a pressão da corda sobre meu pescoço,o ar começava a faltar pq estava bem apertado o laço no pescoço, foi qndo a pressão aumentou e comecei sentir uma sensação gostosa e perder o sentido para dai sim soltar o peso do meu corpo,estava indo bem, foi qndo meu telefone tocou, era meu filho eu não poderia partir sem dizer q eu o amava, desci da escada e o atendi, qndo voltei na corda não era mais aquela sensação gostosa q sentia, era dor no pescoço, tanto q ficou marcado e hoje está dolorido.Eu queria ter tido a coragem de ter me matado, pois pelo q li enforcamento leva 3 minutos para sumir o sentido, é rapido.E 20min para o corpo parar de funcinar mas a pessoa nao sente pq está com morte cerebral(asfixia).
    Tenho frequentado centro espirita a mais de um ano,as vezes me sinto melhor,mas sempre o lado amoroso pesa e me leva pra baixo,me destrói emocionalmente, depois de um pouco aprender no centro meu medo é de fato existir vida após a morte e meu sofrimento ser maior ainda de querer ou estar perto do meu filho e não poder me ouvir e pega-lo.Medo de sofrer por perseguições de outras almas que tbm sofrem, medo de ter q voltar a viver aprender tdo de novo se eu reencarnar novamente pelo fato de ter ido antes do planejamento por mim construido,mefos que se tornam maiores do que a vontade de deixar de viver.
    Minha vida não vai bem nem no campo amoroso, nem pessoal muito menos profissional.
    O que me impede do suicídio é o medo de passar por tudo que acabei de ler.

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  10. Ah, com certeza minha mãe está bem onde quer que ela esteja. Uma mulher tão boa, linda não merecia mais sofrimento.

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  11. Anônimo1/7/14 22:02

    Deus abençoe a todos.

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  12. Irmãos queridos, este texto é a narrativa da experiência dolorosa de um suicida. No entanto, nem todos terão o mesmo destino. Somos individualidades. Se mesmo cometendo este ato tão violento contra si mesmo o espírito tem forças para se arrepender, para pedir perdão e para modificar seus próprios sentimentos, e acima te tudo, se persistir na fé, não haverá razão para tantos sofrimentos e transtornos. O que temos a fazer nestas horas é endereçar mtas preces aos nossos irmãos que se encontrem nesta situação. Certamente eles receberão e serão abundantemente abrandados pelas nossas vibrações felizes.
    Um abraço fraterno a todos!

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  13. Tenho tentado por 9 vezes o suicídio...Da última vez ao acordar pensei por um momento ter conseguido..tudo branquinho..Estava eu ainda na terra..Salva por minha família e por um médico que chorou ao ler meus exames e doenças acumuladas..meu corpo está falindo...alguns orgãos já pararam..tomo inúmeras medicações..me sinto cansada..um ser inútil,,atrapalhando as pessoas..A dor me consome..que duvida cruel,penso que DEUS é bom e que não nos deixaria passar por esse sofrimento..estou confusa,perdi a minha fé,,não sei em que ou em quem acreditar...Só desejo, parar de sofrer!!

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  14. Meus queridos, tenho recebido com frequência diversas mensagens, a maioria no anonimato, de irmãos e irmãs que já tentaram o suicídio ou que pretendem fazê-lo... muitas delas muito angustiosas e delineando sofrimentos profundos que partem meu coração e que, geralmente, evito publicar para não propagar ainda mais o sofrimento. Mas, eu vos peço de coração: pensem e repensem a Bondade Divina que proporciona a oportunidade maravilhosa da VIDA, por mais sofrida e difícil que ela possa parecer. Pensem e repensem na dádiva que é VIVER!!! Não se iludam com pensamentos de resolução fácil e rápido por meio de ceifar a própria vida. Tenham coragem e esperança na fé. Vos falo com conhecimento de causa, tudo passa, tudo se renova, tudo se modifica, tudo pode ser superado. Não multipliquem as suas dores e as dores dos seus. O suicídio também é um ato de orgulho. Não estamos sós neste Universo e somos agraciados por suportar corajosamente aquilo que nos perturba a alma, a paz e o coração. Sejamos fortes!!!! Um grande abraço a todos!!!!

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  15. Eu estou planejando cometer esse ato mesmo sabendo que vai ser pior depois, mais no meu caso ainda que eu queira viver por muito tempo nessa terra eu não posso, a minha vida nessa terra infelizmente tem que ser curta, eu não sei se eu vou partir desse mundo dessa maneira, mais infelizmente é a maneira que eu tenho que fazer!

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    1. Irmão, por Deus, pq fazer isso consigo mesmo? Quem disse a vc que sua vida na Terra terá de ser breve??? Para Deus nada é impossível!!! Tenha fé e esperança... e ainda que seja breve sua passagem, tente aproveitá-la o máximo possível... viva um dia de cada vez sem se importar com o que virá... nós geralmente desconhecemos os planos de Deus, mas certamente os planos Dele são melhores que os nossos... não estrague essa bendita oportunidade de crescimento, de elevação e de aprendizado que Ele está te dando... aguarde e espere os desígnios Dele. Pode ser que te surpreenderás... Espero seu contato me dizendo que não fará tamanha crueldade com vc mesmo!!!

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  16. O que fazer quando não se é ouvido por Deus!? Quando não se há prazer ou vontade de viver? Que nada, mas nada mesmo esteja dando certo? Quando se percebe que nem os amigos ou alguns poucos familiares gostam de vc verdadeiramente? Esse é o ponto. Para que Deus permite o sofrimento de pessoas que não têm mais (se é que já tiveram algum dia) o que fazer neste plano?! Se mesmo tentando fazer alguma coisa, se é impedido!? Para quê, meu Deus, continuar vivo então!?

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  17. As vezes cansamos de tentar, tentar e tentat. Me vejo angustiado por parasitar a vida dos outros e só fazer tentativas vãs, nada dá certo.

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  18. Jesus cristo é o único e suficiente salvador.... Jesus é o caminho, a verdade e a vida......angústia. vazio. Depressão so jesus pode lhe curar... se alguém se senti com desejo de suicídio . NAO SE MATE POR FAVOR!!eh um caminho sem volta.... o melhor a fazer eh se ajoelhar. Chorar e clamar misericórdia de Deus e chamar pelo espírito santo que eh o nosso consolador....e pedir pra que deus lhe cure e se manifeste em sua vida e lhe cure de tudo.... Jesus morreu em uma cruz para nós dar a vida hoje. E vida em abundância... procure uma igreja evangélica onde tenha jesus cristo como salvador... converse sobre o desejo suicida com o pastor e ele certamente lhe ajudará... aí você diz: NAO suporto nem gosto de crente...NAO seja tolo faça uma prova com deus e com você mesmo...se na igreja você NAO for liberto desses desejos aí diga que odeia crentes.... deus NAO criou o inferno para os homens.... deus nos deu a vida..o nosso bem mais precioso .... graças a deus fui liberta pra honra e glória de Jesus cristo...ja tive muito desejo de suicidio . Mas jesus cristo hoje habita em mim e tudo que quero eh viver para sempre falar do grande milagre que hoje eu sou....que Deus e o espírito santo lhe toque ao ler essa mensagem em nome de jesus. Em nome de Jesus...jesus pode lhe salvar...Amém. a paz do senhor seja convosco ...

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    1. Que bom que enocntrou seu caminho, irmã! Ficamos felizes! Veja quantos comentérios tenho recebido nesta postagem (é a postagem mais comentada do blog)...todos com o intuito suicida. Isso é muito triste... oremos para aqueles que ainda se encontram na sombra de seus pensamentos ruins!

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  19. Bom dia.
    Tenho desejo de tirar minha vida, e ultimamente venho planejando isso com cuidado, já lí e reli sobre as consequências e apesar de crer em Deus este desejo existe ainda.
    Eu poderia dizer aqui os motivos e razões mas não tenho coragem, no entanto apesar de orar muito eu sempre tenho este desejo.
    Gostaria que minha vida acabasse de forma natural, seria melhor mas não posso determinar isso a Ele.
    Li o post e realmente é aterrorizante mas sinceramente a idéia permanece e peço desde já perdão a Deus pela possibilidade ao se cogitar isso.
    Já sinto está vontade a muito tempo e preciso até novembro resolver algumas coisas pendentes para deixar a minha mãe com algo melhor após minha partida.
    Para só então concretizar tal ato, não tenho vontade de desistir da idéia que é latente todos os dias.
    Peço perdão a Deus,minha família, amigos e a você Lahys.
    Talvez esteja sendo egoísta mas minha dor só eu sei como é.

    FABRÍCIO EUDO.

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    1. Eai se matou? As consequências são ruins. ..acredite que dias melhores virão ....e se acredita em Deus deixe ele te chamar ....não va fazer besteira que n resolver faz e piorar

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    2. Eai se matou? As consequências são ruins. ..acredite que dias melhores virão ....e se acredita em Deus deixe ele te chamar ....não va fazer besteira que n resolver faz e piorar

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    3. Eai se matou? As consequências são ruins. ..acredite que dias melhores virão ....e se acredita em Deus deixe ele te chamar ....não va fazer besteira que n resolver faz e piorar

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  20. Bom dia.
    Tenho desejo de tirar minha vida, e ultimamente venho planejando isso com cuidado, já lí e reli sobre as consequências e apesar de crer em Deus este desejo existe ainda.
    Eu poderia dizer aqui os motivos e razões mas não tenho coragem, no entanto apesar de orar muito eu sempre tenho este desejo.
    Gostaria que minha vida acabasse de forma natural, seria melhor mas não posso determinar isso a Ele.
    Li o post e realmente é aterrorizante mas sinceramente a idéia permanece e peço desde já perdão a Deus pela possibilidade ao se cogitar isso.
    Já sinto está vontade a muito tempo e preciso até novembro resolver algumas coisas pendentes para deixar a minha mãe com algo melhor após minha partida.
    Para só então concretizar tal ato, não tenho vontade de desistir da idéia que é latente todos os dias.
    Peço perdão a Deus,minha família, amigos e a você Lahys.
    Talvez esteja sendo egoísta mas minha dor só eu sei como é.

    FABRÍCIO EUDO.

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  21. Gente, por favor , procurem tratamento psiquiátrico!!!! Tem medicação pra isso!!! Deus não existe e nem essa babaquice espírita!!!

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  22. Vontade de tirar minha própria vida é que não me falta!
    Mais só me falta a coragem ,pois eu não quero sofrer na eternidade ,por causa do meu suicídio

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  23. Pior que está .não ficará. Assim só eu vou ter todos os sofrimentos sozinha.

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  24. Pior que está .não ficará. Assim só eu vou ter todos os sofrimentos sozinha.

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  25. Encontrei esse texto, mais creio que o acaso nao exista. ..sto passando o pior momento da minha Vida e o suicidio nao sai da minha mente pois nao veJo saida terrestre,ha 10 anos atraz consecutivo meu ex marido.EU Uma prostituta ele um Homer Rico, nsi casato tivemos dois filhos, EU ja tinta Uma filha di 4anos Com outra Pessoa, ano passado decidi separar e ele contou tudo a minha filha que hoje è una adolescente, contou a Familia dele e aos meus amigos sobre o meu passado...mim sinto tao umilhada desonrrada e desamparada que meu uni penssamento è a morte...mais lendo esse texto refletir e Espero mim ajude a Ver as coisas diferente

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  26. Olá,meu nome é Adalberto e ultimamente tenho pensado em suicidio ,devido a crise financeira e não conseguir suprir as necessidades de minha esposa ,penso tá sendo eu um fardo pesado aos que estão ao meu redor,trabalho nos correios e me considero um musico frustado por não conseguir atingir as minhas expectativas,mas o que realmente pesa aqiui na terra é a questão do capital tudo depende de tal para satisfaçao e harmonia,claro tenho buscado a Deus em oraçoes mas tá dificil permanece de pé.E tenho comigo que o suicidio é a soluçao pelo ao menos não magoarei mas ninguem com as minhas atitudes de fracasso.

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    1. Perdi dois amigos de ara o suicidio esse ano. Nos amigos e os familiares estão devastados. Acha de fato que ninguém se magoará se vc se matar??? Isso é egoísmo! Seja realista e veja que o dinheiro entra e sái mas a vida é única! Se está depressivo procure ajuda especializada. Sacode a poeira e viva seus desafios. Se a morte resolvesse os problemas esse depoimento, que é verdadeiro, não existiria. Você só tem dois caminhos: melhorar ou piorar. No caso piorar é o suicidio. Dê tempo ao tempo e faça a sua parte que receberá os frutos de sua plantação, mas receberá no tempo de Deus e não no seu tempo.
      Sorte, muita sorte para sua vida!

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    2. Realmente, Paty! Suicídio, além de tudo,é uma forma de egoísmo...
      Tudo na vida passa, principalmente as crises financeiras que vêm e vão...
      Posso falar com propridade que a escolha deve sempre viver, viver e viver! Ano passado passei por uma crise financeira terrível e, quando ainda estava me recuperando, veio a pior notícia de toda minha vida: o câncer. Então eu percebi quão pequenos eram os outros problemas. Hj to bem, ainda em tratamento, mas o pior já passou. Só quero que tudo isso passe logo para voltar a trabalhar, curtir a minha vida e ser feliz!
      Amigo Adalberto,se sua edposa fe ama saberá compreender o momento pelo qual vc está passando.
      Deus abençoe vc!

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  27. Este comentário foi removido pelo autor.

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  28. Há exatamente 1 mes e 4 dias meu ex-namorado se suicidou. E desde então quero fazer o mesmo. Nao nos falavamos há mais ou menos 1 mes. Ele me ligou no meu aniversario e eu nao atendi. Ele me deixou uma carta de despidida, pedindo que não o perdoasse e nao o odiasse. Nunca o odiei e ja o tinha perdoado. No entanto, fui me distanciando pois nao queria sofrer. Mas sinto que eu o fiz sofrer fazendo-o pensar que nao era mais o seu amigo. Desde sua morte, tudo que faço tenho sua lembrança e sempre me coloco a chorar pois sinto a culpa de tudo isso ter acontecido, pois não estava ali para tentar reverter tudo isso, sinto que se eu tivesse falado com ele, talvez o faria mudar de ideia. As pessoas dizem que tudo ja estava planejado, que tudo isso aconteceu por causa da sua depressao. Mas nao posso acreditar nisso. Eu o amava. Preciso cuidar dele onde quer que ele esteja. Adiei minha morte por duas vezes, mas agora ja esta decidido. Apesar de saber oque pode acontecer depois de tudo isso, tenho que estar junto ao lado dele, nem que demore anos e anos, mas vou encontra-lo e ficarei ao seu lado. Pior que o sofrimento documentado aqui é o sofrimento que estou e estarei pelo resto da minha vida.

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