"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Por que estudar a Doutrina Espírita?

Se o passe é doação de amor simplesmente, ou seja, doação de energias que colocamos à disposição e ao alcance dos nossos irmãos que se encontram com deficiências, através da imposição das mãos, para o fim de que eles possam ter seus centros vitais reestimulados, recobrando, assim, o equilíbrio e a saúde, por quê, então, fazemos curso de passe?

Se o trabalho prático mediúnico é ato de amor, de compreensão, de compaixão e, acima de tudo, de caridade para com nossos irmãos que se encontram em penumbras ainda mais escuras do que nós, ou seja, se a prática da mediunidade é, antes de mais nada, oportunidade de servir, por quê, então, estudamos para nos sentarmos à mesa reservada ao trabalho mediúnico?


Estudamos o Espiritismo para sermos verdadeiramente Espíritas, e não espíritas exaltados, conforme classificação de Kardec em "O Livro dos Médiuns", eis que é impossível compreendermos e vivermos uma Doutrina tão complexa e abrangente sem dominar, ao menos, os seus conhecimentos básicos.

Estudamos a Doutrina Espírita, portanto, para não cairmos no erro, no absurdo e, até mesmo, no ridículo, pois, assim ocorrendo, abriremos espaço para a zombaria dos nossos irmãos que ainda perambulam nas sombras das imperfeições morais e intelectuais, tanto quanto nós, quer encarnados, quer desencarnados, que certamente nos levarão ao descrédito, com toda razão, proferindo, às gargalhadas, que somos loucos, malucos, fanáticos e que, o que é pior, não conhecemos nem mesmo o nosso mundo (terreno) e já nos colocamos na condição de pessoas capacitadas a explicar o mundo deles (espiritual), o que, por óbvio, não poderemos revidar depois.

Estudamos a Doutrina Espírita, porém, para não incidirmos em erros tais como os citados pelo nosso respeitável irmão Celso Martins, em matéria publicada no mês de março de 2009, no site "Resenha Espírita" (http://www.resenhaespirita.com.br/), sob o título "Devagar com o Andor", onde o autor relata alguns exemplos que leu e ouviu.

No primeiro caso o autor relata que num livro sobre o aborto (contra o abortamento provocado), em três pequenos volumes, dizia que numa reunião de desobsessão um espírito dizia que estava designado a uma missão altamente importante para o mundo, mas que sua jovem mãe cometeu o aborto e ele (o espírito que reencarnaria) passou então a odiá-la violentamente.

Como bem asseverou Celso Martins, será, realmente, "que a Espiritualidade superior iria confiar a uma adolescente inexperiente a missão de ser mãe de um Espírito que se dizia (ou se julgava) altamente missionário"? Cremos que basta nos lembrarmos do exemplo de Maria, mãe de Jesus.

Igualmente, outra indagação levantada por Celso Martins é a de que "um Espírito por demais elevado poderia odiar quando outro, menos avançado, pensaria em perdoar"? Lembremos: os princípios básicos da Doutrina Espírita fundam-se, primeiramente, na Lei Universal de Amor, na existência de um Deus que é todo Amor, todo Bondade e todo Justiça e nos ensinamentos do Evangelho do Cristo que nos aconselha a amarmos a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de todo o nosso espírito e aos nossos irmãos como amamos a nós mesmos, bem como que perdoemos as ofensas de quem quer que nos tenha ofendido.

No segundo exemplo o autor nos relata que, num programa de rádio, ouviu um médico oncologista ("logo, um cientista", como o próprio Celso assinalou) que se dizia espírita alegar ter o peixe (e outros seres do reino animal) alma coletiva. Perguntamos: e onde está o princípio da individualidade da alma/espírito que Kardec nos relata com tanta precisão e critérios valiosissímos em suas obras, mais precisamente em "O Livro dos Espíritos"?

Por fim, outro caso que nos relata Celso Martins, diz respeito a uma médium que dizia que um médium do seu conhecimento foi a um matadouro e, ao ver a vaca ser levada ao abate, nela incorporou e lhe sentiu as dores do massacre. Perguntamos: está escrito em alguma obra Doutrinária (dotada da seriedade com que Kardec enfatiza na Introdução de "O Livro dos Espíritos", item VIII) que a alma de um animal pode reencarnar em um corpo humano e que um espírito que viveu em um corpo humano pode reencarnar no corpo de um animal? E a questão (da sintonia) dos corpos fluídicos e perispirituais de um e de outro?

Perguntamos ainda: mas, e o que fazer com aquelas pessoas que chegam a uma Casa Espírita pela primeira vez cuja mediunidade encontra-se "aflorada" (como costumamos dizer), causando-lhes sérios sofrimentos e comprometimentos? Precisam "desenvolver sua mediunidade", costumamos dizer e pensar. Pobres pessoas, "precisam trabalhar na Casa" para que "possam se livrar" dessas "obsessões", pois, "se não trabalharem", não irão ficar bem, acreditamos.

Certamente que a prática do Bem e o trabalho alicerçado na Caridade, trarão à alma ou ao espírito grande sensação de conforto e intensa satisfação interiores, jamais experimentados antes, que nos farão refestelarmos no júbilo do Amor.

Entretanto, indagamos aos queridos amigos e leitores: se a minha mediunidade estiver desabrochando ou aflorada, se nada eu souber sobre a Doutrina, se eu estiver em desequilíbrio espiritual e psicológico, irá resolver o meu problema eu ingressar, de pronto, na prática da aplicação do passe magnético ou na prática do trabalho mediúnico sem, no entanto, eu compreender o que estou fazendo?

Certamente que não! A mudança e, consequentemente, a nossa melhora, melhorando tudo o que está a nossa volta, inclusive tornando os nossos dias mais felizes, acontece de dentro para fora e só ocorrerá através do entendimento e do conhecimento da Verdade. Mais uma vez citamos aqui no Blog a passagem de João 8:32: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará". Libertará de que? Das amarras da ignorância que nos prendem a processos por demais dolorosos por absoluta falta de compreensão, pois, sem compreensão, não há entendimento e, sem entendimento, não há como buscarmos a melhora.

No livro "Diretrizes de Segurança - Um diálogo em torno das múltiplas questões da mediunidade", de Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira, oitava edição, Editora Fráter, p. 77, Raul Teixeira nos orienta que "a Instituição orientada pela Doutrina deverá aproximá-los (os irmãos que se aproximam das Casas Espíritas portando faculdades mediúnicas já em processo de desabrochamento) dos estudos doutrinários, das reuniões doutrinárias (como as palestras, por exemplo), do trabalho assistencial em favor de necessitados, daqueles labores que possam gradativamente disciplinar a criatura. Não é oportuno que ela chegue ao Centro e seja, de imediato, encaminhada à mesa de trabalhos mediúnicos, mas, sim, introduzida no campo de estudo, de conhecimento doutrinário espírita" (grifo nosso). E acrescenta que "se a pessoa estiver com a mediunidade atormentada será encaminhada para tratamento através de passes, explicações doutrinárias e da participação nas reuniões de estudos, para que possa, gradualmente, ir assentando essas energias revoltas, equilibrando-se até que possa chegar à atividade propriamente mediúnica."

Kardec, na Introdução de "O Livro dos Espíritos", item VIII, in fine, arremata que "dissemos que os Espíritos superiores apenas vêm às reuniões sérias e, em especial, àquelas em que reina uma perfeita comunhão de pensamentos e de sentimentos pelo bem. A leviandade e as questões inúteis os afastam, como, entre os homens, afastam as pessoas racionais; o campo fica, então, livre à multidão de Espíritos mentirosos e fúteis, sempre à espreita de ocasiões para zombar e se divertir à nossa custa. O que devemos esperar de uma reunião dessa natureza quando desejamos resposta a uma questão séria? Será respondida? Sim, será, mas respondida por quem? É como se no meio de um bando de gozadores lançássemos estas questões: o que é a alma? O que é a morte? E outras também de igual tom recreativo. Se quereis respostas sérias, sede sérios no verdadeiro sentido da palavra e colocai-vos de acordo com todas as condições que se requerem. Somente assim obtereis grandes coisas. Sede mais laboriosos e perseverantes em vossos estudos; sem isso os Espíritos superiores vos abandonarão, como faz um professor com seus alunos negligentes."

Vamos nos livrarmos dos males que as amarras da ignorância nos trazem!

5 comentários:

  1. Muito bom e edificante!!!

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  2. Sobre sua questao sobre individualidade
    LE
    607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?

    “Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”

    a) - Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?

    “Já não dissemos que todo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, SE INDIVIDUALIZA POUCO A POUCO e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito(...)."

    LE ensina claramente que a alma dos homens procede da dos animais.

    Um abraço.
    Gustavo

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    1. Eu discordo do seu entendimento, Gustavo. Porém, respeito.

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  3. Se são as amarras da ignorância a causa de nossos males e se, conforme a doutrina espirita, todos os sofrimentos dos homens são merecidos e aplicados de acordo com a perfeita justiça divina, porq é q todos sofrem? A ignorância merece ser punida?o fato de ser

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