"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Chico Xavier - Breve biografia de Chico Xavier

Queridos amigos e leiotres do Blog, conforme já citamos em outras postagens, o movimento espírita comemora neste ano de 2010 o centenário de Chico Xavier, nascido em 02 de abril de 1910.

Em nossa modesta, mas carinhosa, homenagem ao saudoso médium, estaremos postando, em especial, durante todo o período de comemoração, mensagens, textos, frases e artigos do querido Chico.

Segue abaixo uma breve biografia de Francisco de Paula Cândido, conhecido por Francisco Cândido Xavier e  carinhosamente chamado de Chico Xavier, ou simplesmente Chico.

1910 - Nasce, na cidade de Pedro Leopoldo, interior de Minas Gerais, Francisco de Paula Cândido, nome de batismo de Chico Xavier, filho de João Cândido Xavier, operário, e Maria João de Deus, doméstica.

1915 - Desencarna sua mãe, Maria João de Deus, e, dos nove filhos, seis foram entregues a padrinhos e amigos, inclusive Chico, que foi morar com sua madrinha Maria Rita de Cássia, a qual era amiga de sua mãe. Chico sofreu muito em companhia de sua madrinha, que era obsedada. Conta ele, que apanhava três vezes por dia, com vara de marmelo.

1917 - Seu pai, João Cândido Xavier, casa-se novamente, desta vez com Cidália Batista, de cuja união advieram mais seis filhos. Cidália, que tratava a todos com muito carinho, reuniu novamente todos os filhos do marido e Chico voltou a morar com o pai e a viver com sua família (sobre a síntese genealógica de Chico, consultar o livro "Chico Xavier, mandato de amor", Ed. UEM, p. 284).

1919 - Chico começa a frequentar o Grupo Escolar São José e a trabalhar em uma fábrica de tecidos. Sua escolaridade vai até o curso primário, como se dizia antigamente. Trabalhou a partir dos oito anos e sua jornada de trabalho compreendia o período das 15:00 às 02:00 horas na fábrica de tecidos.

1923 - Chico conclui o primário, após repetir a quarta série.

1925 - Começa a trabalhar no comércio. Primeiro, como auxiliar de cozinha no "Bar do Dove". Em seguida, na vendo do Sr. José Felizardo Sobrinho.

1927 - Chico tem sua primeira experiência na Doutrina Espírita, quando uma de suas irmãs, doente e desenganada pelos médicos, é levada até a casa de uma família espírita. Na verdade, sua irmã estava obsedada e, em razão disso, a família teve que recorrer ao casal de espíritas Sr. José Hermínio Perácio e Sra. Carmem Pena Perácio, que, após algumas reuniões e o esforço da família de Chico, viu-se curada. Até 1927 Chico era católico e seu orientador religioso era o Padre Sebastião Scarzelli. A partir daí, foi mantido o Culto do Evangelho no Lar, até que naquele mesmo ano de 1927, Chico, respeitosamente, despediu-se do bondoso padre, que lhe desejou amparo e proteção no novo caminho, e fundou, em Pedro Leopoldo, junto com outras pessoas, o Centro Espírita "Luiz Gonzaga". Psicografa, pela primeira vez, no Centro Luiz Gonzaga e escreve 17 páginas com a assinatura final de "Um Espírito amigo".

1928 - São publicadas suas primeiras mensagens psicografadas pelo matutino carioca "O Jornal" e, logo depois, pelo "Almanaque de Notícias", de Portugal.

1931 - Aparece-lhe o que chama de seu mentor espiritual ou espírito-guia, que pede para ser chamado de Emmanuel. (A data do início do mandato mediúnico de Chico é considerada 8 de julho de 1927, mas o reencontro com seu guia espiritual Emmanuel deu-se nos fins de julho de 1931 - sobre o assunto, ver o interessante diálogo que se estabeleceu entre os dois, conforme relata o livro "Chico Xavier, Mandato de Amor", UEM, p. 30-31).
                Em 1931 também morre Cidália Batista, sua madrasta e amiga. Neste mesmo ano psicografa, pela primeira vez, um poema com a assinatura de um "morto": o poeta fluminense Casimiro Cunha (1880-1914). Poeta menor, mas com uma particularidade: era espírita convicto e confesso.

1932 - É lançado pela Federação Espírita Brasileira (FEB) seu primeiro livro, "Parnaso de Além-túmulo", uma coletânea de 56 poemas, cuja autoria era atribuída a 09 poetas brasileiros (Augusto dos Anjos, Auta de Souza, Bittencourt Sampaio, Casimiro de Abreu, Casimiro Cunha, Castro Alves, Cruz e Souza, Pedro de Alcântara e Sousa Caldas), 04 portugueses (Antero de Quental, Guerra Junqueiro, João de Deus e Júlio Diniz) e 01 poeta anônimo, denominado "Um desconhecido", todos desencarnados. Três anos depois saía a segunda edição de "Parnaso", quase que triplicada: dessa vez eram 173 poemas, atribuídos agora a 32 poetas. Além dos já citados, havia mais alguns nomes ilustres em meio a outros pouco conhecidos ou mesmo anônimos. Dentre eles citamos os nomes de A. G., Amadeu (?) (sic), António Nobre, Artur Azevedo, B. Lopes, Batista Capelos, Cármen Cinira, Emílio de Menezes, Fagundes Varela, Hermes Fontes, José Duro, Juvenal Galeno, Luiz Guimarães Júnior, Marta, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Raul de Leoni e Valado Rosas. Em 1939, novamente aumentada, era lançada a terceira edição de "Parnaso". O volume era composto por 199 poemas e atribuídos, então, a 38 poetas: seis novos nomes eram apontados. Eram estes Alphonsus de Guimaraens, Antônio Torres, Augusto de Lima, Belmiro Braga, José Silvério Horta (Monsenhor Horta) e Rodrigues de Abreu. A quarta edição da antologia saiu em 1944. Aumentara para 248 poemas, atribuídos a 47 poetas. O grupo de novos autores era constituído por Abel Gomes, Albérico Lobo, Alberto de Oliveira, Alma Eros, Amaral Ornellas, Cornélio Bastos, Gustavo Teixeira, Lucindo Filho e Luiz Murat. Apenas um ano depois, em 1945, foi lançada a quinta edição de "Parnaso", na qual houve a permanência dos 248 poemas, ou o acréscimo de 01 poema, atribuído a Olavo Bilac, conforme pode-se notar por meio do livro "50 Anos de Parnaso", de  Clóvis Ramos (ressalto que não tive acesso a esta edição). Por fim, a maior e definitiva revisão nos poemas de "Parbaso" ocorreu na sexta edição, lançada em 1955. Na página de apresentação desta edição havia a seguinte indicação: "6 edição - Revista e ampliada pelos Autores espirituais". Nela houve a novidade de 05 poemas serem eliminados do livro. São eles: "A dor", "Número infinito", "Guerra" e "Crepúsculo da civilização", da selção Augusto dos Anjos, e "Contra a besta apocalíptica", da Seção Guerra Junqueiro. Incluíram-se mais 15 poemas e mais 09 autores: Alfredo Nora, Alvarenga Peixoto, Álvaro Teixeira de Macedo, Edmundo Xavier de Barros, Jésus Gonçalves, José do Patrocínio, Leôncio Correia, Luiz Pistarini e Múcio Teixeira.

1935 - Chico entra para o Ministério da Agricultura, trabalhando na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo. Dos quatro empregos que teve, por 32 anos trabalhou na Escola Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo e Uberaba, nesta última cidade a partir de 1959, quando para lá se transferiu. Chico sempre se sustentou com seu modesto salário, não onerando a ninguém. Aposentou-se como datilógrafo subordinado ao Ministério da Agricultura. Jamais se locupletou como médium. Ganhava, dos mais simples aos mais valorizados presentes (canetas, fazendas, carros), mas, de tudo se desfazia educadamente. Dos 412 livros psicografados por ele, os quais pela lei dos homens lhe pertenciam os direitos autorais, de todos se desfez, doando-os a federativas espíritas e a instituições assistenciais beneficentes, num verdadeiro exemplo vivo de cidadania e amor ao próximo.

1939 - Passa a psicografar os trabalhos do escritor maranhense Humberto de Campos, desencarnado em 1934, e no mesmo ano lança o livro "Crônicas de além-túmulo", com textos do escritor falecido, o qual fazia alusão aos poemas de "Parnaso de além-túmulo".

1940 - Chico fica gravemente doente. Os médicos prevêem um ataque de uremia, o que não chega a ocorrer.

1944 - Chico é processado pela viúva do escritor Humberto de Campos, Sra. Catharina Vergolino de Campos, que exige parte dos direitos autorais dos livros psicografados cujas assinaturas eram atribuídas a ele. Ao final desse longo pleito, através de críticos literários, os mais consagrados, concluiu-se ser autêntica a obra em questão, de modo que a Justiça decide a favor de Chico (ver o assunto completo no livro "A Psicografia ante os Tribunais", de autoria do advogado do médium, Dr. Miguel Timponi - Ed. FEB). A partir de então, o espírito Humberto de Campos passa a usar o pseudônimo de "Irmão X" nas obras ditadas ao saudoso médium.
                Ainda em 1944 é publicado o livro "Nosso Lar", o qual tornou-se um berdadeiro best-seller entre as publicações espíritas, chegando a uma tiragem de 1.277.000 exemplares. Com a publicação da obra "Nosso Lar", o espírito André Luiz inicia primorosa coleção em que se ressalta, dentre tantas informações, o caráter revelador da obra, onde se tem registrado o cotidiano, o dia a dia da vida extrafísica.


1946 - Chico fica doente, vítima de tuberculose.


1951 - É operado de uma hérnia estrangulada.


1958 - Amauri Xavier, sobrinho de Chico, filho de sua irmã Maria Xavier, também espírita e psicógrafo, declara aos jornais que, por se sentir amargurado por crises de consciência, decide contar que tudo o que havia psicografado era criado por ele mesmo, sem nenhuma interferência dos espíritos, ao contrário de seu tio.


1959 - Chico muda-se de Pedro Leopoldo para Uberaba.
                     Ainda em 1959, surge o livro "Religião dos Espíritos", do espírito Emmanuel, em comemoração ao centenário de "O Livro dos Espíritos".

1960 - Publica, em parceria com o também médium Waldo Vieira, o livro "Mecanismos da Mediunidade".
                       Também em 1960, é lançado o livro "Seara dos Médiuns", do espírito Emmanuel, em comemoração ao centenário de "O Livro dos Médiuns".

1961 - Lançado o livro "Justiça Divina", do espírito Emmanuel, em comemoração ao centenário do livro "O Céu e o Inferno".

1963 - Aposenta-se, por invalidez (incapacidade laborativa), após 30 anos de serviços prestados como auxiliar na antiga Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal.

1964 - Lançado "O Livro da Esperança", do espírito Emmanuel, em comemoração ao centenário de "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Chico recebeu, além desse, de espíritos diversos, o livro "O Espírito da Verdade", ainda comemorativo ao centenário do "Evangelho Segundo o Espiritismo".

1965 - Vai aos Estados Unidos a fim de difundir o Espiritismo e, também, para fazer um tratamento oftalmológico.


1969 - Viaja a São Paulo para se submeter a uma cirurgia na próstata.


1972 - Concede uma entrevista de quatro horas na extinta TV Tupi, em um programa chamado "Pinga-Fogo", o que atrai cerca de 20 milhões de telespectadores.


1975 - Anuncia que encerraria, aos 65 anos de idade, suas atividades mediúnicas, devido ao desgaste físico e por não conseguir superar o processo de hipotensão, surgido em 1973.


1976 - Tem sua prieira crise de angina.


1980 - É indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz de 1981, numa campanha liderada pelo então diretor da Rede Globo, Augusto César Vanucci.


1983 - Coloca, pela primeira vez, sua voz em quatro LPs, lançados pela gravadora Fermata, para transmitir suas mensagens de paz. Os discos traziam apenas o nome de Chico na capa, ao lado de um desenho de seu rosto.


1985 - João Francisco de Deus é julgado inocente pela morte de sua mulher Gleide Maria Dutra, morta com um tiro no pescoço, no dia 01 de março de 1980. Cartas de Gleide, inocentando João, psicografadas por Chico nove meses após sua morte, foram usadas pela defesa do acusado.
               No mesmo ano, recebe a visita de Dona Risoleta, viúva de Tancredo Neves, desencarnado em abril de 1985. Ela, porém, nunca recebeu mensagens do marido.


1989 - Recebe uma visita do então candidato a Presidência da República Fernando Collor de Mello.


1991 - Já eleito presidente, Collor visita-o novamente.


1993 - É procurado por Glória Perez, mãe da atriz Daniela Perez, assassinada no final do ano de 1992. Glória pede a Chico que converse com sua filha.


1995 - Um efisema pulmonar o deixa com apenas 35 quilos e "preso" a uma cadeira de rodas.


1997 - Publica o livro de poesias "Traços de Chico Xavier".


1998 - Publica o livro "Caminho Iluminado", do espírito Emmanuel.

1999 - Publica seu último livro, "Escada de Luz", totalizando 412 livros publicados, muitos deles traduzidos em diversas línguas e também em braile.
 

Curiosidades acerca da psicografia de Chico Xavier

De uma certa feita, na cidade de Uberlândia/MG, o tarefeiro espírita Zenon Vilela passou para o papel, a seguinte informação:

No ano de 1952, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: "Roteiro", de Emmanuel, com 172 páginas, e "Pai Nosso", de Meimei, com 104 páginas. 

No ano de 1963, Chico psicografou 2 livros, em 2 dias: "Opinião Espírita", com 204 páginas, e "Sexo e Destino", com 360 páginas.

No dia 31 de março de 1969 (data comemorativa do falecimento de Kardec, mera lembrança nossa), Chico psicografou 2 livros, no mesmo dia: "Passos da Vida", com 156 páginas, e "Estante da Vida", com 184 páginas.

Chico é apontado como fenômeno na aceitação do leitor. Dos dez melhores livros do século, em pesquisa realizada por órgãos da imprensa espírita, sete são da psicografia do Chico. O primeiro lugar coube ao livro "Nosso Lar", na 48ª edição, com mais de 1.200 milheiros de exemplares editados.

Ao longo de seus 75 anos de mandato mediúnico tornaram-se incontáveis os títulos honoríficos a que fez jus:

- dezenas de cidadanias;
- mais de uma centena de biografias;
- instituiu-se a Comenda da Paz Chico Xavier, por decreto estadual;
- Comenda Chico Xavier instituída pela Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo;
- O Mineiro do Século, por promoção da Telemar e da Rede Globo Minas, etc, etc;
- pelos auditores independentes da Receita Federal, foram eleitas as 8 mais importantes figuras mundiais: Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Mandela, Sabin, Carlitos, Santos Dumont, Gandhi e Che Guevara;
- O Maior Brasileiro da História por promoção da Revista Época - 2006.

Por dados estatísticos fornecidos por órgãos da Imprensa Nacional, em seu velório que se iniciou no domingo, 30 de junho de 2002, até terça-feira, 2 de julho de 2002, em certos momentos, a fila chegou à extensão de 4 km. E diante do esquife, a média era de 40 pessoas, a cada minuto. Era comovente a serenidade e o silêncio do povo, apesar de ter que esperar horas e horas seguidas na fila, sob o forte sol uberabense, para a despedida aos despojos físicos do médium.

Foi sepultado com honras militares debaixo de uma chuva de pétalas de rosas.

Muitos o cognominam: "um homem chamado amor".





2 comentários:

  1. CONHECI CHICO APÓS LER SUA BIOGRAFIA NAS EDIÇÕES PLANETA EM 1982. QUASE CHOREI AO SABER QUE ELE ESTAVA VIVO E MORAVA EM UBERABA. NÃO PENSAVA EM MAIS NADA A NÃO SER CONHECER ESTA DOÇURA DE SER MAIS QUE HUMANO.POR COINCIDÊNCIA, ERA DIA DE SEU ANIVERSÁRIO E AO LHE ABRAÇAR E APERTAR SUA MÃO SERENA, FIQUEI DIVERSOS DIAS COM A MINHA EXALANDO SUAVE PERFUME DE ROSAS.
    TIVE O TRISTE PRIVILÉGIO DE PARTICIPAR DE SEU VELÓRIO E ENTERRO ONDE PUDE REDOBRAR A CERTEZA DO QUANTO AS PESSOAS O AMAVAM, INDEPENDENTE DE RELIGIÃO OU CLASSE SOCIAL.
    HAVIAM PESSOAS DOS QUATRO CANTOS DO PAÍS OU
    TALVEZ DO MUNDO COMO ERA BASTANTE CONHECIDO.
    QUANDO VOLTEI EM UBERABA PARA REVÊ-LO
    CONHECI NO CENTRO ESPÍRITA DA PRECE, O MEU ESPOSINHO QUE ESTAVA VIÚVO E SEM FILHOS E HOJE SOMOS PAIS DE TRÊS FILHAS E UMA NETINHA DE TRÊS ANOS QUE SÃO A RAZÃO DE NOSSAS VIDAS.

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  2. Que linda história a sua! Muito grata pela sua colaboração com o blog. Abraços fraternos.

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