"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


sexta-feira, 5 de março de 2010

08 de Março, Dia Internacional da Mulher

Comemoramos no dia 08 de março o Dia Internacional da Mulher. A data foi criada não somente com o intuito de comemorar, mas, principalmente, como uma tentativa de diminuir, ou mesmo de extinguir, o preconceito contra a mulher e a sua desvalorização.

Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher, e a sua importância, na sociedade. No entanto, mesmo com tantos avanços, a mulher ainda sofre, em muitos locais, a discriminação profissional que, embora absolutamente capacitadas, ainda não têm o mesmo reconhecimento profissional que o homem possui, recebendo, inclusive, salários menores pelas mesmas funções e pelos mesmos serviços, sendo submetidas a jornadas de trabalho excesivas e outras desvantagens profissionais. Além disso, a mulher ainda é alvo constante da violência doméstica masculina. Enfim, muito foi conquistado, porém, muito ainda falta conquistar...

Mas, por que 08 de Março? No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

Entretanto, a manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Somente no de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

No Brasil, podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem votadas para cargos no Poder Executivo e no Poder Legislativo.

Alguns marcos das conquistas da Mulher na história

1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças
1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina
1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

Qual a visão da Doutrina Espírita sobre a Mulher?

Em "O Livro dos Espíritos", na questão de número 817, os Espíritos nos orientam que, perante Deus, homem e mulher são iguais e possuem os mesmos direitos, visto que "Deus deu a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir".

Igualmente, na questão de número 818, do mesmo livro, os Espíritos esclarecem que a inferioridade moral da mulher em certos países se origina "do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre os homens poucos avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito".

Indagados sobre com que objetivo, na Criação, a mulher é fisicamente mais fraca do que o homem, os Espíritos respondem que é "para lhe assinalar funções particulares. O homem é para os trabalhos rudes, por ser o mais forte (fisicamente); a mulher para os trabalhos suaves, e ambos para se entreajudarem nas provas de uma vida plena e amarga" (questão 819). E acrescentam, na questão 820, que a fraqueza física da mulher não a coloca, de forma natural, sob a dependência do homem, eis que "Deus deu a uns a força para proteger o fraco, e não para se servir dele". É mais ou menos aquilo que podemos ler na postagem para reflexão sobre a "Lei de Solidariedade" em que narramos a "estorinha" do cego e do paralítico (postado em 27 de fevereiro de 2010).

Vejamos, portanto, que o objetivo do Criador não foi o de fazer a distinção entre os sexos ou de criar, como se tem dito, o sexo frágil, mas sim o da integração entre o homem e a mulher, dividindo as tarefas e, cada qual, dentro das suas experiências relativas às particularidades e peculiaridades inerentes ao sexo de cada um, possam auxiliar-se mutuamente, de modo que ambos se completam, jamais sendo um inferior ou superior ao outro.

Kardec, em comentário a esta questão, em "O Livro dos Espíritos", assevera que "Deus conformou a organização de cada ser às funções que deve cumprir. Se deu à mulher uma força física menor, dotou-a, ao mesmo tempo, de maior sensibilidade, relacionada com a delicadeza das funções maternais e a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados".

É assim que os Espíritos, na questão de número 821, deste livro, nos garantem que as funções para as quais a mulher está destinada pela Natureza assumem uma importância tão grande quanto às do homem e, muitas vezes, ainda maiores, posto que "é ela quem lhe dá as primeiras noções da vida".

No que tange à igualdade entre homens e mulheres perante a lei de Deus, questiona-se, igualmente, se ambos não devam ser também iguais perante a lei dos homens, ao que os Espíritos respondem que tal ( igualdade) "é o primeiro princípio de justiça: Não façais aos outros o que não quereríeis que se vos fizessem" (questão 822). Diante disso, esclarecem que, na esfera dos direitos, uma legislação humana, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos entre o homem e a mulher. Entretanto, não ocorre o mesmo quando falamos em funções. Segundo os Espíritos, "é preciso que cada um esteja colocado no seu lugar. Que o homem se ocupe do exterior e a mulher do interior, cada um segundo sua aptidão. A lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos entre o homem e a mulher, pois todo privilégio concedido a um, ou a outro, é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua subjugação caminha com a barbárie.  Os sexos, aliás, não existem senão pela organização física, visto que os Espíritos podem tomar um e outro, não havendo diferença entre eles, sob esse aspecto, e, por conseguinte, devem gozar dos mesmos direitos".

Conscientizemo-nos disso!


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