"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Arrependimento, expiação e reparação

"Viajores de muitas experiências malogradas, somos a soma das nossas dívidas em operações de resgate."
(Joanna de Ângelis).


No livro “Ontem e hoje com Kardec: Sempre atual”, de Orson Peter Carrara e Rogério Coelho, Editora Mythos, no capítulo intitulado “Arrependimento, expiação e reparação”, os autores nos esclarecem, citando o livro “O Céu e o Inferno”, da codificação de Kardec, que podemos compreender da leitura do livro mencionado, em especial no 16º parágrafo, que “o modo pelo qual o ressarcimento de nossos débitos são feitos obedecem a três momentos distintos: arrependimento, expiação e reparação”, de modo que o arrependimento é o primeiro passo para a regeneração.

No entanto, os autores advertem-nos que, embora seja o primeiro passo, o arrependimento, por si só, não basta, posto que ainda são necessários mais dois momentos seguintes: a expiação e a reparação.

Citando Kardec (“O Céu e o Inferno”, 51ª ed., Rio de Janeiro: 2003, Primeira Parte, cap. VII), os autores prosseguem explicando que:

"(...) arrependimento, expiação e reparação constituem as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo.

Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na Vida atual, seja na Vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.

A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiveram queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito."

Por último, finalizando o assunto, os autores citam nota de rodapé de Allan Kardec em comentário ao trecho acima, a qual transcrevemos abaixo:

          "A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos. Entretanto, essa doutrina, religião alguma ainda proclamou. Algumas pessoas repelem-na porque acham mais cômodo quitarem-se das más ações por um simples arrependimento, que não custa mais que palavras, por meio de algumas fórmulas; contudo, crendo-se, assim, quites, verão mais tarde se isso lhes bastava. Nós poderíamos perguntar se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a Justiça Divina pode ser inferior a dos homens? E mais, se essas leis se dariam por desafrontadas desde que o indivíduo que as transgredisse, por abuso de confiança, se limitasse a dizer que as respeita infinitamente.
          Por que hão de vacilar tais pessoas perante uma obrigação que todo homem honesto se impõe como dever, segundo o grau de suas forças? Quando esta perspectiva de reparação for inculcada na crença das massas, será um outro freio aos seus desmandos, e bem mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas, visto como interessa à Vida em sua plena atualidade, podendo o homem compreender a procedência das circunstâncias que a tornam penosa, ou a sua verdadeira situação."

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