"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai encontrar-se com as bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a Alma e a Vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos reais, nenhum tomou o título de sacerdote ou de sumo sacerdote (...). O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; proclama-a para seus adéptos assim como para todas as pessoas. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade." (Kardec)


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

SOS Planeta Terra: Será o fim do Planeta?

"Se somos inquilinos, nosso primeiro dever é bem cuidar da nossa casa, zelando por ela, em todos os níveis e situações."

Como podemos preservar o planeta?

"Suponhamos que, por uma causa qualquer, a Terra voltasse ao estado primitivo de incandescência: tudo se decomporia; os elementos se separariam; todas as substâncias fusíveis se fundiriam; todas as que são volatilizáveis se volatilizariam. Depois, outro resfriamento determinaria nova precipitação e de novo se formariam as antigas combinações (químicas)."

A afirmativa, retirada da obra básica do Espiritismo "A Gênese", cap. X, intitulado "Gênese orgânica", parece previsão profética sobre o Apocalipse. Mas se pararmos para pensar, se o raciocínio for feito de um ponto de vista próximo aos dias de hoje, a cena parece não ser tão impossível assim.

Se contextualizarmos a situação do planeta, o aquecimento global tem feito aumentar a temperatura mundial. Isso quando o homem corre contra o tempo para conter a destruição da camada de ozônio, ocasionada por suas próprias mãos.

Na verdade, é exatamente nesse ponto que as principais discussões sobre as causas do aquecimento do planeta giram hoje: ao redor do homem. Apesar disso, alguns cientistas, mesmo não descartando a ação humana, apontam que a Terra vive, assim como ocorreu na formação do planeta, uma ordem natural.

Já de um terceiro ponto de vista está a luz da Doutrina Espírita a nos esclarecer os dois pontos de vista.

O que está acontecendo?

O IPCC (Instituto Intergovernamental de Mudanças Climáticas) produziu, ainda este ano, relatórios que hoje mostram a quantas anda o meio em que vivemos. O Instituto, estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1998, foi criado com o intuito de recomendar aos governos do mundo o que fazer para conter os efeitos do aquecimento.

Os textos apontam que o nível dos Oceanos está subindo e a projeção é de que, no mínimo, cem milhões de pessoas que moram a menos de um metro do nível do mar, corram o risco de perder suas casas.

Mostra ainda que a variação total de projeções indica um aumento da temperatura do planeta de 1.1ºC a 6.6ºC. Isso quando estudos mostram que os termômetros já subiram 0,6ºC entre meados do século XIX e início do século XXI, sendo que, do total, 0,5 só nos últimos 50 anos.

De acordo com os quatro relatórios produzidos este ano pelo órgão, os homens são os responsáveis pelo aquecimento global do planeta.

Só no Brasil, de acordo com Cláudio Maretti, superintendente de conservação de programas regionais da WWF-Brasil (World Wildlife Found), organização não-governamental brasileira dedicada à conservação da natureza, as áreas protegidas no Brasil assumem papel primordial na redução das emissões brasileiras de gases de efeito estufa. Segundo ele, em artigo publicado no site da ONG (http://www.wwf.org.br/), cerca de 75% das emissões do País são provenientes das queimadas realizadas no processo de desmatamento na Amazônia. "Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os principais países emissores de gases do efeito estufa. Erradicando o desmatamento, , o país passaria a ocupar o décimo oitavo lugar nesse novo ranking internacional", disse.

Entre os maiores emissores de gases responsáveis pelo efeito estufa estão os Estados Unidos, União Européia, China, Rússia, Japão e Índia. Entre 1990 e 2002, os EUA aumentaram em 15% o nível de emissão de gases, chegando a seis bilhões de toneladas ao ano.

No Brasil, uma das maiores ameaças é a projeção de desertificação do semi-árido brasileiro, que provocaria, além de fome e doenças, um êxodo com consequências sociais e econômicas inimagináveis.

O país figura em quarto lugar entre os maiores emissores de gases estufa, em função das queimadas, principalmente da Amazônia, mas de acordo com o geólogo e professor titular em geotectônica pela UNESP de Rio Claro, Peter Christian Hackspacher, a interferência do homem na natureza não é a única explicação para o problema. Segundo ele, atualmente a Terra entra em uma fase pela qual os dinossauros e outras espécies passaram quando foram dizimadas: o processo de aquecimento e resfriamento  terrestre posterior. "Nós percebemos que a evolução da Terra já passou por vários momentos os dois processos. Foram fenômenos naturais. Na geologia existem várias explicações, que são alternativas à interferência do homem. Ficamos em situações delicadas, mas temos que ter uma hipótese biológica do problema", disse.

Segundo ele, uma das possibilidades para o aquecimento é que a Terra esteja mudando seu campo magnético. "Esse fenômeno deve prever certas catástrofes. O escudo eletromagnético que nos protege de raios cósmicos seria eliminado por um período de tempo. Isso vai fazer com que desapareçam algumas formas de vida", disse. (grifado no original)

Apesar disso, segundo o pesquisador, a questão também depende da conservação do planeta. "Nós não queremos partir para esse lado de catástrofes. Acho que os dados que estão sendo apresentados sobre a temperatura da Terra são fatos, mas temos que pensar nesses mesmos fatos. Até que ponto um buraco na camada de ozônio na Nova Zelândia vai influenciar aqui no Brasil? É preciso ter ponderação", afirmou.

A visão espírita

Já a ponderação entre os dois pontos de vista - a ação humana e a ação natural - nos é apresentada pelo escritor e grande colaborador da doutrina espírita, Eurípedes Khul.

Segundo ele apontou, sobre a ação natural da Terra, Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, em "A Gênese", capítulo IX ("Revoluções do Globo"), registra o intrigante fenômeno do terceiro movimento da Terra: a "processão do equinócio", pelo qual passa hoje o planeta. O texto traz explicações sobre a mudança do eixo terrestre, e explica: "É um movimento que se completa e se repete a cada 25.868 anos, consistindo numa espécie de oscilação circular, qual a de um pião a morrer, provocando inclinação do eixo da Terra".

A este fenômeno, o decodificador explica a consequência desta mudança de eixo como o deslocamento gradativo do mar, fazendo-o invadir pouco a pouco umas terras e descobrir outras. As consequências disso seriam as tsunamis, maremotos, terremotos e todos outros cataclismos.

O escritor ainda relembra: "Citado aquecimento vem ocorrendo há muitos e muitos anos, anteriormente ao grande progresso terreno do século XX, no qual ocorreu crescente combustão de elementos fósseis, por milhões e milhões de motores em ação quase que ininterrupta. A Ciência tem evidências que o atual aquecimento global se deve, dentre outras, ás possíveis causas: influência da atividade solar durante o último século; variação na radiação solar", disse Kuhl.

Mas, com qual intuito de tudo isso? A esta pergunta, "O Livro dos Espíritos", questão n. 536, responde: "tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus". Foi Jesus quem asseverou: "a cada um, segundo suas obras". Assim, as vítimas, às vezes crianças de tenra idade, são aqueles espíritos cujo passado ora se "quita", eis que despertam na espiritualidade com um grande alívio na consciência. Esse entendimento espírita, de forma alguma exclui a compaixão ou a tristeza.

"Essas convulsões geológicas constituem um dos vários vetores que induzem ao progresso humano, eis que na esteira das tragédias sempre emerge o sentimento de caridade e amor ao próximo. Daí que, menos tragédias, menos infelicidades; menos infelicidades, maior oportunidade de progresso moral", afirma Eurípedes Kuhl. Apesar disso, completa: "Seria leviano de nossa parte, como espíritas que somos, não reconhecer que o homem é sim, co-responsável pelo aquecimento global", afirmou o escritor.

Entre ciência, filosofia e religião, como é a base da doutrina espírita, várias soluções são apontadas para os problemas ambientais por especialistas no assunto. Entre elas, a redução do desmatamento aliada à adoção de fontes alternativas de energia, como solar-térmica, eólica, biomassa sustentável.

De acordo com os pesquisadores, isso poderá levar o Brasil e o mundo a combater as causas do aquecimento global.

De acordo com o IPCC, uma das propostas para a contenção do problema: a humanidade terá de diminuir de 50% a 85% de emissões de CO2 (responsável pelo efeito estufa) até a metade do século. A conclusão é a de que há urgência de que a sociedade, governos e empresas tomem atitudes nos próximos 5 anos. Após esse período, talvez seja tarde demais para iniciar o processo de transição sustentável capaz de impedir um aquecimento global maior que 2ºC.

Sobre a atuação do ser humano, do espírita, Eurípedes Kuhl lembra: "Não diríamos que apenas aos espíritas compete o exercício de cidadania para coibir os males causados pelo homem face sua responsabilidade pelo aquecimento global. Essa é uma tarefa de toda a Humanidade, homem a homem! Permanentemente! Como? Conscientizando os homens de que a Terra é um lar abençoado, posto pela Inteligência Suprema do Universo à disposição da criatura humana, ensejando a todas elas o progresso moral e a felicidade. E assim, se somos inquilinos, nosso dever primeiro é bem cuidar da nossa casa, zelando por ela, em todos os níveis e situações".

(Texto de Guilherme Campos, publicado na "Revista Cristã de Espiritismo", n. 52, Ano 08, outubro/2007).

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